São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 1995
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Palhaço discute com Prefeitura de Bauru a criação de um circo-escola

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

Wilson Nogueira, o palhaço Gira-Gira, 66, está discutindo com a Secretaria da Cultura de Bauru (345 km de São Paulo) a criação de um circo-escola na cidade.
Há nove anos, um temporal destruiu seu circo-teatro, o Anahi. Uma tempestade de granizo rasgou toda a lona, logo depois de uma apresentação na cidade de Ocauçu (488 km a oeste de São Paulo).
Nogueira afirma que, para viabilizar o projeto do circo-escola, "só falta a lona", que ele diz não saber quanto custa. "O resto do material eu salvei do temporal."
O secretário municipal da Cultura, Geraldo Bérgamo, 42, disse que já conversou com Nogueira sobre o assunto. "Nós precisamos levantar o custo desse projeto para alocar recursos. A prefeitura tem interesse", declarou.
Nogueira disse que o projeto depende do prefeitura. "Tentei patrocinadores, mas não tive êxito", afirmou. Para ele, a TV e o cinema, "apesar de toda a tecnologia eletrônica, ainda não conseguiram superar a magia circense".
"O circo-escola garantiria às crianças de hoje aprender esta arte que não tem fronteiras", afirmou.
Depois do temporal, seu circo nunca mais se recuperou. Nogueira vendeu o ônibus, caminhão e os três carros que tinha. Ele usou o dinheiro para pagar dívidas e alimentar a família —mulher, duas filhas e sogra. Hoje, ele se considera um "palhaço sem-teto". Tudo o que sobrou foram três trailers, transformados em moradia.
Sua família sobrevive com dificuldades. Aposentado como ator, Nogueira ganha um salário mínimo —R$ 70,00. Para sobreviver ele faz shows em clubes e teatros de cidades da região.
Nogueira afirmou que passaram por seu circo nas décadas de 60 e 70 nomes hoje conhecidos da música sertaneja, como Chitãozinho e Xororó, Milionário e José Rico, Tião Carrero e Pardinho.
Na década de 50, Nogueira trabalhou na extinta TV Tupi e em teatros de São Paulo. Disse que deixou a TV e o teatro por causa da mulher Ida. Resolveu retornar ao interior paulista e dedicar-se ao circo, tradição da família. "Nasci dentro do circo Sul-Americano, em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Minha mãe era trapezista e meu pai locutor dos shows".

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