São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 1995
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Perícia oficial confirma que o Williams de Senna falhou

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

O laudo pericial da Justiça italiana sobre a morte dos pilotos Ayrton Senna e Roland Ratzenberger foi concluído em Bolonha e passado à promotoria.
A informação, veiculada por agências noticiosas, foi confirmada à Folha por um dos advogados de Senna na Itália, Giovanni Carcaterra.
"O relatório da perícia está pronto, mas ainda não o recebi. Estamos esperando o documento para os próximos dias", afirmou.
A assessoria da equipe Williams, que pode ser responsabilizada no caso, informou ontem que não vai se manifestar até receber e analisar o laudo. Não prazo previsto para isso.
Segundo Carcaterra, o relatório é sigiloso e apenas as partes envolvidas no caso terão acesso a ele.
O laudo, dirigido pelo juiz Maurizio Passerini, confirma que a causa do acidente do piloto brasileiro, em 1º de maio de 94, foi a quebra da coluna de direção.
O relatório, que tem 500 páginas, também mostra que uma peça da suspensão dianteira do carro perfurou o capacete de Senna, atingindo-lhe a cabeça, o que provocou a morte do piloto.
Tais informações já haviam sido divulgadas pela imprensa. A primeira pista de que as causas do acidente poderiam estar relacionadas com a direção foi uma foto da revista italiana "Autosprint".
A imagem mostrava o volante do Williams de Senna, junto ao carro destruído, acoplado a uma parte da coluna de direção.
Normalmente, o volante de um F-1 é facilmente removível e jamais sai junto com a coluna.
A matéria da "Autosprint" fazia a mesma pergunta que os peritos italianos se propuseram a responder: a coluna teria se quebrado antes ou depois do acidente?
Segundo o perito brasileiro Walter Machado, do Instituto de Criminalística de São Paulo, "na grande maioria das vezes, é possível saber se a peça se quebrou antes ou depois da colisão".
"A pancada pode levar, por exemplo, a uma flexão da coluna, que ficaria com aspecto entortado", afirmou Machado.
O resultado da perícia possibilita a abertura de um processo judicial contra a equipe Williams, que seria acusada de homicídio culposo (não intencional).
São 17 as pessoas que podem ser responsabilizadas pelo caso, entre elas o chefe da escuderia, Frank Williams, e seu diretor técnico, Patrick Head.
Em relação ao acidente com o austríaco, durante os treinos para o GP de San Marino, a causa mais provável é a soltura de uma peça do aerofólio dianteiro de seu Simtek.

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