São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 1995 |
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Francês nega ligação de brasileiro
ANDRÉ FONTENELLE
Henri Plagnol, 34, funcionário do Conselho de Estado francês, disse ao "Libération" que uma norte-americana, e não um brasileiro, se apresentaram a ele como "relações públicas de uma fundação para salvar a Amazônia". Segundo o "Le Monde" da véspera, ele afirmara que "um brasileiro um pouco estranho" o apresentara a uma agente da CIA, e que esse brasileiro recrutaria "mulheres maduras" para o serviço secreto norte-americano. Agora Plagnol nega essas declarações. "Le Monde" não cita, na reportagem, o nome de Plagnol. O repórter Hervé Gattegno se recusou a confirmar ou desmentir a declaração. Plagnol também refutou insinuações de que teria passado segredos à CIA, antes de procurar a contra-espionagem francesa: "Que informações úteis um pequeno conselheiro de Estado como eu poderia dar?" A função do Conselho é emitir pareceres sobre projetos de lei do governo. Na Unesco —onde, durante um coquetel, o funcionário francês teria encontrado o "estranho" brasileiro e a agente da CIA—, a delegação do Brasil diz não ter idéia da identidade dos supostos espiões. "Coquetel é o que mais tem aqui", brincou um secretário. O ministro francês do Interior, Charles Pasqua, acusou os EUA de terem permitido o vazamento do escândalo de espionagem. O caso veio a público na quarta-feira, quando o jornal "Le Monde" revelou que Paris pedira a Washington a retirada do território francês de cinco norte-americanos, acusados de espionagem industrial e política para a CIA. Em viagem a Dacar (Senegal), Pasqua reiterou que os acusados devem deixar a França. Acrescentou que o caso é "muito grave" e que "houve muitos vazamentos do lado norte-americano". A embaixada dos EUA em Paris definiu a acusação como "nem exata nem digna de crédito". Washington insinua que o caso tem a ver menos com espionagem que com a campanha eleitoral francesa (leia texto nesta página). Pasqua também deu a entender que o vazamento poderia vir do Ministério das Relações Exteriores, do rival Alain Juppé. Anteontem, Juppé pedira uma investigação para descobrir a origem do vazamento, insinuando que a culpa seria de Pasqua. Os dois vivem disputa política pessoal. Pasqua teria passado por cima da autoridade de Juppé ao convocar duas vezes a embaixadora dos EUA, Pamela Harriman, para explicações. Pasqua disse que o fizera com autorização de Juppé. LEIA MAIS Sobre o caso Sivam à pág. 1-5 Próximo Texto: Nasa fez lobby no caso Sivam, diz revista Índice |
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