São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995 |
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Tijuca e Tradição deixam conservadorismo
DA SUCURSAL DO RIO A Unidos da Tijuca e a Tradição, duas das mais conservadoras escolas de samba do Rio, decidiram inovar.A primeira iniciou um processo para se transferir para a rica Barra da Tijuca, mudando até de nome. A Tradição abandonou os temas de sempre —reis, África, índios etc— e vai levar até um carro de Fórmula 1 como alegoria. É o terceiro ano da carnavalesca Lícia Lacerda na Tradição. Decidida a impor seu estilo leve e descontraído, Lícia foi cuidadosa em 93, com um enredo tradicional sobre o próprio Carnaval. A ousadia começou em 94, quando a Tradição tirou o 6º lugar falando sobre o sonho do homem de voar. Este ano, o enredo "Roda Gira, Gira Roda" começa com a descoberta da roda e termina com uma homenagem a Ayrton Senna. Rubens Barrichello foi convidado. A Tradição foi fundada por dissidentes da Portela em 1984. Eles avaliavam que os sambistas de verdade já não tinham espaço na escola, que aderira à onda de grandes carros e fantasias caras. A Unidos da Tijuca, composta por moradores do morro do Borel, quer mudar sua quadra para a Barra da Tijuca, mudando o nome para Unidos da Barra e Tijuca. Este ano, parte das fantasias foi vendida em shoppings e academias do novo bairro. A escola, que era uma das mais pobres do Grupo Especial, terá milionários sambando ao lado de moradores do Borel. A escola traz um enredo chique, como o bairro que quer conquistar para se livrar dos problemas financeiros. "Os Nove Bravos do Guarany", uma homenagem a Carlos Gomes, tem a pretensão de fazer do samba uma ópera popular. Para se transferir para a Barra da Tijuca, a escola depende da doação de um terreno pelo prefeito César Maia (PMDB). O lobby é feito pelo subprefeito da Barra, Eduardo Paes, morador do bairro. Texto Anterior: ESCOLA AMEAÇA CARNAVALESCO Próximo Texto: Escola elege 'metafísica pop Índice |
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