São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995
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Medo de ser traído congela os namoros no Carnaval

ALESSANDRA BLANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Muito mais do que quatro dias de cerveja e samba, o Carnaval é o período do ano de maior risco para os namoros e noivados.
Pesquisa Datafolha realizada com 1.080 moradores da cidade de São Paulo detectou que 92% dos paulistanos rejeitam a idéia de ser traídos no Carnaval.
Mas são poucos os que garantem a fidelidade nos quatro dias. Para acabar com dúvidas e desconfianças e aproveitar os dias em que "tudo é permitido", o brasileiro optou por "dar um tempo".
Arrumar uma briga por ciúme no sábado de Carnaval, dizer que está precisando de um tempo para pensar na vida e, principalmente na relação a dois, ou assumir ser um casal moderno e entrar em um acordo são táticas eficazes para passar o feriado solteiro.
"O problema nem é a vontade de trair, mas o medo de ser traída. Dando um tempo, acaba o compromisso, você não se sente traída e cada um pode fazer o que quer sem cobranças", diz a estudante Fernanda de Lacerda Mottin, 17.
"Carnaval foi feito para férias conjugais. Ir para um salão com o namorado não dá certo, é pedir para brigar", afirma a estudante Danielle de Sampaio, 19.
Para o publicitário Paulo Heirdrich, 26, "Carnaval é um momento de descontração, uma oportunidade para conhecer outras pessoas e ficar bem longe da noiva".
O segredo é arrumar uma boa desculpa depois da folia para não comprometer o namoro ou "ignorar o que rolou" e não fazer perguntas.
Claro que sempre corre-se o risco de dar ao outro a oportunidade de também conhecer pessoas interessantes.
Bianca Alcebíades, 16, terminou o namoro em janeiro para aproveitar o fim de férias e o Carnaval.
"Queria namorar outros meninos, mas nada sério porque gostava do meu namorado e seria bom para ele também viajar sem mim. Só que na semana passada ele voltou de viagem e logo veio me apresentar a nova namorada."
Daniel Betting, 19, adorou quando a namorada lhe disse no Carnaval do ano passado que iria viajar sozinha com as amigas.
"Logo pensei em ir para o clube 'caçar' a mulherada. A primeira mulher que vi foi a minha namorada se esfregando em outro cara, um amigo meu. Dei um murro na boca dele e fui embora. Acabou meu Carnaval", disse.

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