São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 1995
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Banda faz show em SP com músicas do novo disco "The Cult"

DA SPIN

Ian Astbury já viu o suficiente —do álcool às más vibrações, do próprio nojo às críticas da imprensa. Viu a quase ruína do The Cult. Ele é o vocalista da banda inglesa que reaparece depois de três anos na "geladeira".
O grupo lançou o disco novo "The Cult" e está em turnê mundial para divulgá-lo. Eles tocam nos dias 21, 22 e 23 de março em São Paulo e dia 25 no Rio.
O tempo alcançou Astbury e o guitarrista Billy Duffy. Nos anos 80, eles já faziam música que se encaixa hoje com a "deprê" dos anos 90, cantada por Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden.
Resolveram colocar fim ao modelão de roqueiro gótico: cortaram os cabelos compridos e tiraram as jóias. Só se presta atenção às músicas no "The Cult". "Este disco é catártico", diz Astbury. "Foi a liberação da raiva." "The Cult" teve produção de Bob Rock em Vancouver (Canadá). A idéia é ressuscitar a banda que havia perdido sua razão de ser no final dos anos 80.
O penúltimo álbum do grupo, o desastroso, irrelevante e não escutado "Ceremony", desabou no meio de bebidas e outros métodos de autodestruição.
"Nós nos acabamos", diz Astbury. "Estávamos esgotados. Achamos que nosso estilo de vida se corrompia. Fomos pegos em um redemoinho de cinismo."
A causa do redemoinho foi o sucesso da banda. Hits, discos de platina e grandes platéias empurraram para Astbury o papel de novo deus. Outro Jim Morrison.
Astbury e Duffy já haviam sofrido ataques da imprensa inglesa, que nunca os perdoou por tocarem e se vestirem como roqueiros dos anos 70, no auge da new wave inglesa nos anos 80.
A bebida era também uma forma de Astbury esquecer suas memórias adolescentes —a mãe morrendo de câncer, as tentativas de suicídio do pai e um acidente de carro quase fatal, durante uma fuga de um gerente de restaurante que queria estuprá-lo.
"Meu histórico é caótico, mas consegui sobreviver. Acho que muito da minha autodestruição está ligada a estes acontecimentos. A primeira vez que toquei com South Death Cult (o nome original do The Cult), fechei a porta desta parte de minha vida. Nunca quis falar ou experimentar algo assim de novo."
No disco "The Cult", o primeiro álbum em três anos e o primeiro com o baterista Scott Garrett e o novo baixista Craig Adams, Astbury canta sobre ele mesmo e suas experiências. Condena a violência, o abuso de crianças, drogas e alcoolismo e chora a morte de Abbie Hoffman, River Phoenix, e Andrew Wood de Mother Love Bone.

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