São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pára-quedas salva policial dos clichês

HAROLDO CERAVOLO SEREZA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Filme: Zona Mortal (Drop Zone)
Direção: John Badham
Produção: EUA, 1994
Com: Wesley Snipes, Gary Busey, Yanci Buttler e Michael Jeter
Onde: a partir de hoje nos cines Center Iguatemi 3, Ipiranga 1, Liberty e West Plaza 4

"Zona Mortal" tem todos os clichês de um filme policial. A começar pelo honesto agente do FBI Pete Nessip, interpretado por Wesley Snipes. Depois, são os bandidos que promovem um espetacular sequestro de um avião e que, sem saber, acabam matando um policial também honesto. Nada demais, não fosse ele irmão do outro policial.
Nada mais clichê que misturar justiça (ou polícia —nos filmes do gênero, quase sempre dá na mesma) e família.
Mas Zona Mortal vai além do seu gênero quando incorpora o pára-quedismo à trama. O esporte, que também está presente no filme Queda Livre, com estréia marcada para quarta, diminui a importância que a vingança familiar teria na trama. O filme se transforma numa despretensiosa e interessante aventura.
O neopára-quedista que Snipes vive se torna muito mais atraente que a memória do irmão morto, perdida num distante e nada saudoso começo do filme.
É claro que há cenas que lembram comerciais de Hollywood, mas a boa interpretação de Snipes e a beleza de Yancy Butler compensam.
Além disto, o crime que Snipes tem de combater é moderno e intrigante, além de ser o que mais cresce no mundo —a arma é a informática, mais perigosa que os fuzis, principalmente quando lhes serve de munição, e o hacker Earl Leedy (Michael Jeter) lembra Chaplin: desengonçado, mas fundamental para um mundo que ainda não domina a linguagem que já controla.
O frágil Leedy é disputado fisicamente pela polícia e pela quadrilha, que desce de pára-quedas sobre o prédio do DEA (agência antidrogas do governo norte-americano) para roubar informações.
Com clichês enfraquecidos, Zona Mortal aparece como um policial ideologicamente menos perigoso. E, talvez por isto, seja mais.

Texto Anterior: AS ESTRÉIAS
Próximo Texto: Freddy Krueger completa dez anos de terror no melhor filme da série
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.