São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 1995
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Vida de Grande Otelo vai ser tema de filme

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

Grande Otelo será tema de um filme co-produzido por França e Brasil. A cineasta francesa Ariel de Bigault e o brasileiro Walter Salles Jr. estão reunindo os recursos para a produção.
O título prrovisório é "Grande Otelo - A Vida É Um Filme". Mas De Bigault, 42, tem medo de falar de um filme que ainda não existe: "Sou um pouco supersticiosa, fazer uma matéria sobre ele vai estragar tudo."
A cineasta francesa conheceu Grande Otelo em 1984 e o viu morrer em 1993, em Paris, quando o ator brasileiro chegou para ser homenageado no Festival de Nantes.
Por coincidência, no primeiro e no último encontro entre os dois, Grande Otelo viajara à França para uma homenagem em um festival. A primeira foi quando a cineasta o convidou a um festival sobre o cinema negro, em Paris.
Ela lembra que Otelo ficou emocionado por ter sido lembrado. "Durante muito tempo, ele não foi reconhecido nem pelos brancos, nem pelos negros", lamenta.
Ao encontrá-lo, ela sabia pouco sobre o cinema brasileiro. Mas, desde que conheceu Otelo, passou a acalentar o projeto de filmar um documentário sobre ele.

Glórias negras
Em 1987, De Bigault dirigiu uma série de quatro filmes de 55 minutos, "Éclats Noirs du Samba" ("Glórias Negras do Samba"), com Os Cariocas, Gilberto Gil, Paulo Moura e Zezé Motta. Nesses filmes, Otelo participara como entrevistador.
O objetivo do projeto atual é retraçar a vida de um ator que a cineasta define como "genial".
"Filmar esse homem é o maior prazer possível para um diretor. Quando ele morreu, fiquei alucinada por ver que não havia mais vida em um ser tão genial", conta.

Choque
A morte do ator foi ainda mais chocante para Ariel de Bigault porque fora ela a encarregada de convidá-lo para o Festival de Nantes. Otelo morreu após se sentir mal no desembarque.
"Foi insuportável", lembra. "Fiquei paralisada. Não podia mais imaginar fazer um filme sobre ele."
A idéia sobreviveu, no entanto. No final de março, a francesa deverá apresentar seu projeto na embaixada do Brasil em Paris, que promove mensalmente palestras de cineastas brasileiros ou que tenham projetos ligados ao Brasil.

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