São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995 |
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FAO destina US$ 5 milhões ao Brasil
PAULO SILVA PINTO
Em média, esta produção vem crescendo mais do que a população, mas com taxas cada vez menores. Esta é a avaliação do diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), Jacques Diouf. Há lugares em que o crescimento demográfico é maior do que o da agricultura, como na África. Em visita ao Brasil, Diouf assinou dois convênios com o governo brasileiro. Os recursos em programas patrocinados pela FAO no Brasil vão ser recorde este ano: US$ 5 milhões, contra a média de US$ 1,7 milhão nos últimos anos. Eles envolvem de pesquisas tecnológicas até estudos de viabilidade da reforma agrária. A seguir, trechos da entrevista concedida no Itamaraty. * Pergunta — Quais as suas prioridades? Jacques Diouf — Em primeiro lugar a segurança alimentar, porque há no mundo 800 milhões de pessoas que não têm acesso adequado à alimentação. Haverá quatro bilhões de pessoas a mais no mundo em 2.030. O problema é alimentar estas pessoas com áreas que não terão aumentado. Hoje já utilizamos terras marginais e ecossistemas frágeis. Pergunta — Como aumentar a produtividade? Diouf — Temos que utilizar os conhecimentos técnico-científicos para evitar a degradação do meio ambiente. Convocamos uma Cúpula Mundial de Alimentação para março de 96, a fim estabelecer planos de ação. Depois vamos iniciar projetos que permitam melhor utilização da água. Estudaremos os problemas da mulher, responsável por mais de 50% da produção agrícola. Pergunta — O lucro da atividade agrícola tem diminuído em vários países desenvolvidos, ao mesmo tempo em que a produtividade aumenta. Como enfrentar este problema? Diouf — Se não fosse rentável, eles não estariam no setor. Se continuam é porque ganham dinheiro. Pergunta — O crescimento da produção tem sido maior ou menor que o da população? Diouf — Globalmente a produção agrícola tem crescido mais que a população, principalmente em países desenvolvidos, que têm um crescimento às vezes até negativo da população. Mas temos disparidades regionais. A África tem crescimento de 2% da produção e de 3% da população. Há países com superprodução e outros que produzem menos. O segundo problema, mais sério, é que nos beneficiamos dos avanços tecnológicos dos anos 70/80, da "Revolução Verde" para ter aumento de produtividade. Mas a taxa de crescimento de produtividade está diminuindo, está se estabilizando. Pergunta — Como a FAO trata de problemas como a produção de soja no Brasil para alimentar vacas européias em vez da população? Diouf — Tem que se mudar a política agrícola, o que o Brasil está fazendo. Há o programa Comunidade Solidária e outros. A agricultura tem que gerar divisas, mas também alimentar povo. Texto Anterior: Chuvas ajudam produtividade Próximo Texto: PSI tem média de R$ 3.852 no Jóquei Clube de São Paulo Índice |
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