| São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995 |
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Performance de Monique escandaliza sambistas; Modernismo
AZIZ FILHO
Uma porta-bandeira não pode sambar, mostrar o corpo, largar a bandeira da escola e muito menos comportar-se de forma libidinosa, dizem os conservadores do samba. A modelo Monique Evans fez tudo isso e muito mais no desfile da União da Ilha. Com uma roupa transparente e seios à mostra (o esquerdo tatuado), Monique, que como modelo foi a pioneira das madrinhas de bateria, escandalizou o Sambódromo na noite de domingo. Os conservadores do samba protestaram, mas o público, passado o susto inicial, aplaudiu muito. "Nunca vi um absurdo tão grande. Uma porta-bandeira jamais pode ser obscena assim, onde estamos?", gritava a ex-porta-bandeira Dóris, 52, hoje integrante do júri do grupo B. Dóris acompanhou Monique, sem parar de resmungar, durante todo o desfile. Ouviu com irritação os gritos de "maravilhosa", dirigidos à modelo por seus fãs. "Posso ir embora agora. Valeu a noite", disse o analista de sistemas Rogério Vargas, 42, que gritou muitas vezes "maravilhosa". Na praça da Apoteose, onde termina o desfile, Monique disse que "foi mole" atuar como porta-bandeira. "Faz parte da minha profissão ser elegante e sorrir. Ruim foi que durou pouco", afirmou. O mestre-sala parecia assustado. "Não sei se depois disso ainda terei namorada", disse Rogério no final do desfile. "Eu beijei, mas foi ele quem pôs a língua", acusou Monique, saindo da praça da Apoteose pulando como uma adolescente no primeiro baile de Carnaval. Modernismo A modelo justificou a performance pouco recomendável para uma porta-bandeira dizendo que representava, no desfile, o movimento modernista de 1922. "Isso é o modernismo", afirmou. A apresentação de Monique e Rogério não contava pontos porque os dois não formavam o primeiro casal. A modelo disse que ser primeira porta-bandeira, quesito que pode derrubar uma escola, não está em seus planos. "Isso é coisa de mãe para filha, da comunidade. Não vou mexer nesse vespeiro", afirmou a modelo. Aos repórteres que perguntavam o que tinha achado de sua performance, ela passava a língua entre os lábios, provocante, e devolvia: "Você, o que achou?". Os fãs, ao redor, repetiam: "Maravilhosa". Texto Anterior: Os negros sambam melhor do que os brancos? Próximo Texto: Paulinho da Viola elogia ritmo lento da Portela Índice |
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