São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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TVs mostram amadorismo e despreparo no Sambódromo

SÉRGIO DÁVILA
DA REVISTA DA FOLHA

Não foi desta vez, de novo. A TV brasileira ainda não sabe fazer uma transmissão à altura do megaevento internacional que é o Carnaval carioca.
Desrespeito ao espectador, amadorismo e despreparo. Este o tom do pool que Manchete e Globo formaram a partir das 19h do último domingo.
Esta, escaldada pelo festival de besteiras que já levou ao ar, dispensou comentaristas. E restringiu a fala dos âncoras aos textos oficiais das escolas.
E o slogan "Carnaval Globeleza: é muito som e pouco papo". Não funcionou, também. Ao excesso de informações inúteis de antes, ofereceu-se a simples falta de informações.
Fernando Vanucci e Fátima Bernardes eram incapazes de noticiar o que fosse. Um exemplo: no desfile da Tradição, o cronômetro oficial quebrou. Pois ninguém se deu o trabalho de marcar o tempo na Globo.
Vanucci chutava: "Agora, a escola já deve estar com mais de 40 minutos de passarela". Bobagem, não havia gasto sequer meia hora. Às vezes, alertava: "Você aí de casa não pode ver, mas tal coisa está acontecendo". Se o "aí de casa" não pode ver, de que vale a televisão?
A Manchete não foi melhor. Convocou seu time de "achadores", que despejou o caminhão habitual de asneiras. Nos bastidores, o ator Gerson Brenner. Pesadelo é pouco para descrever sua entrevista com Sérgio Mallandro.
Mais. O apresentador Paulo Stein repetindo, sonado, "Aí está a ala das baianas", se aparecia a ala das baianas no vídeo; "Aí está a bateria", idem. Inacreditável, mas num pool de mais de 10 horas seguidas no ar, faltou reportagem.
"Mefístofeles (Vanucci). "Ela ficou um pouquinho sem falta de ar" (Stein). "É o cancioneiro populário" (Fernando Pamplona).
"A senhora me disse que quer mandar um abraço para o Adolpho Bloch, né?" "O que?" (ela não havia dito). "PRO ADOLPHO BLOCH!". Nada. "Então, repete comigo: Carnaval é da Manchete!". Silêncio. "CARNAVAL É DA MANCHETE!, repete". Por fim, a diva fala: "Carnaval é de todo o mundo, meu filho."

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