São Paulo, quarta-feira, 1 de março de 1995
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Emissoras de TV promovem o festival da desinformação

SÉRGIO DÁVILA
DA REVISTA DA FOLHA

O festival de desinformação continuou ontem, no segundo e último dia da transmissão do desfile do Grupo Especial.
Na madrugada de terça, Paulo Stein comunicava, na Manchete: "Chega a informação de que um dos carros da Imperatriz está pegando fogo". E só.
Idem, na Globo, onde Fernando Vanucci "informou": "O carro 7 da Imperatriz está com problemas sérios". Problemas sérios? Quais?
Nada de imagens, de repórteres. De jornalismo, enfim.

O maior
Já de manhã, o presidente da Liesa dizia: "Este é o maior Carnaval de todos os tempos".
Demagogia à parte, é provável que tenha sido mesmo, com seus sambas mais bonitos e lentos, como o da Portela e o da Beija-Flor, este com violinos e a genial sacada de juntar cantoras líricas aos puxadores.
Ou a criatividade a que os barracões se viram obrigados depois da prisão dos bicheiros e do fim da burra de dólares.
Maior Carnaval de todos os tempos? Pode ser. Mas não foi o que a TV mostrou.

Funcionou
Uma das boas coisas da transmissão da Globo, além da inacreditável contenção de Fernando "Alô, Você!" Vanucci, foi a TV interativa.
Paralelamente, pesquisadores do Ibope faziam a mesma enquete com a platéia presente no Sambódromo carioca.
Um indicador, porém, refletiu sem dó o ufanismo burro que toma conta da Globo nestas ocasiões: a média das notas do "pessoal de casa", que tinha como única fonte a emissora, era sempre maior que a dos atentos espectadores locais.

Não funcionou
Fracas as entrevistas, levadas pela repórter Renata Ceribelli e o ator Guilherme Karan, no camarote nº 1 da Brahma.
Renata, boa jornalista, deixou-se contaminar pelo abominável padrão "jogador de futebol na porta do vestiário".
Seus entrevistados sempre achavam que a escola tinha ido bem, que o coração balançou, que o pessoal estava unido e que futebol —perdão, Carnaval— é caixinha de surpresas.

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