São Paulo, quarta-feira, 1 de março de 1995
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Vigia mata dinamarquesa no Rio

DANIELA RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A estudante dinamarquesa Alice Christiansen, 19, foi assassinada no domingo, no Rio. O segurança do prédio onde ela morava, Fernando Ribeiro Nepomuceno, 24, confessou o crime à polícia.
O assassinato ocorreu depois de a estudante chegar de um desfile de blocos, às 2h. Os moradores do prédio não comentaram o caso.
Alice participava de um intercâmbio cultural, patrocinado pelo Rotary Club, e estava morando no apartamento do major da PM César Paiva Muniz.
O vice-cônsul dinamarquês Jan Jensen descartou a ligação do assassinato com o Carnaval ou com a violência do Rio.
"Poderia ter acontecido na Dinamarca", disse, considerando o crime "uma fatalidade, promovido por um desequilibrado".
Quatro amigos de Alice -duas dinamarquesas, um filipino e um brasileiro- disseram à polícia que a acompanharam até ela entrar no prédio, na rua Enaldo Cravo Peixoto, na Tijuca (zona norte).
Às 7h, como Alice ainda não havia chegado, o major Muniz foi à 19ª Delegacia Policial (Tijuca) registrar o desaparecimento.
As investigações começaram pelo depoimento do porteiro noturno, João José dos Santos. Ele contou que Nepomuceno trabalhara sozinho naquela noite.
O segurança negou o crime no início, mas acabou confessando quando o delegado Antonio Matos pediu para que ele se despisse.
Havia várias marcas no corpo do segurança, o que evidenciava a possível resistência de Alice a uma tentativa de estupro.
Na delegacia, Nepomuceno disse que, na portaria, depois de conversar com Alice, passou a mão em seus cabelos. Ela reagiu.
Nepomuceno disse que a teria puxado pelo braço e tentado estuprá-la, dando uma "gravata" que deixou Alice inconsciente.
Ele teria arrastado a estudante para um quarto próximo à garagem, onde fica a cisterna do edifício. Nepomuceno teria então mordido o seio de Alice, que acordou.
O segurança tornou a sufocá-la e, em seguida, jogou o corpo da estudante dentro da cisterna, que tem 2,2 metros de profundidade.
Com medo de que Alice ainda estivesse viva, Nepomuceno entrou na cisterna e mergulhou o corpo da estudante para que ela morresse por afogamento.
O corpo de Alice ficou ali por 40 horas. O laudo cadavérico aponta morte por sufocamento.
Nepomuceno trabalhava armado e recebia o salário de R$ 205 por mês. Ele tinha ainda emprego de porteiro em outro prédio do bairro.

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