São Paulo, quarta-feira, 1 de março de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Edmundo tem todo o direito de ir embora
ALBERTO HELENA JR.
E o tempo disse. Depois de tantas que aprontou no Vasco, Edmundo repetiu, em dose dupla, no Palmeiras. E o que a imprensa tem com isso? Simplesmente, revelou os escândalos em que ele próprio se meteu, condenou seus atos de indisciplina e derramou-se em elogios ao seu futebol, no mínimo, extraordinário. Agora, Edmundo vem a público para anunciar seu desejo de sair do Parque. Motivo? A perseguição implacável que lhe moveria a imprensa paulista. Particularmente, até louvo a rebeldia, quando o alvo são as injustiças do mundo. Entendo o destempero e me intriga a loucura. Mas não aceito a dissimulação. Se Edmundo quer mudar de cidade, estado ou país, se quer jogar neste ou naquele clube, trata-se de um direito inalienável seu. Se ele quer jogar ao lado de seu inestimável amigo Romário, voltar às deslumbrantes praias cariocas, fazer seus gols num Maracanã lotado em ensolaradas tardes de domingo, isso tudo é só prova de bom gosto. Se o dissesse assim, sem volteios, direto, mereceria o aplauso de todos. Só não meta a imprensa nessa história, que aí é prova de caráter precário. Por falar em Edmundo, ele vem desequilibrando a cada jogo. Não só por força de seu inegável talento, mas, sobretudo, porque Espinosa parece ter descoberto a melhor formação para esse Palmeiras campeão. Foi só colocar Paulo Isidoro, um êmulo de Edílson, entre o meio-campo e o ataque, empurrando Rivaldo à frente, que tudo se clareou. Obviamente, nada será como antes, pois nem Rivaldo é Evair, tampouco Paulo Isidoro é Edílson, embora estes sejam muito semelhantes nos reflexos, no estilo de jogo e na velocidade. Já Rivaldo e Evair guardam distâncias significativas entre si, embora haja uma confluência muito grande no resultado final da comparação. Evair é destro; Rivaldo, canhoto. Evair é um centroavante típico, ainda que saiba sair para abrir espaços ou buscar jogo. Rivaldo é um meia-atacante, com toques de ponta-esquerda, mais fluido. Ambos, porém, são implacáveis de cabeça e donos de disparos poderosos. Basta Válber espantar a zica do gol que não sai e Espinosa acertar a cobertura da sua lateral-esquerda que o Palmeiras voltará a se fixar lá no topo da tabela. Justo como boca de bode, no dizer do Luís Vieira. Com o Palmeiras voltando ao páreo, o Corinthians se ajustando nas mãos de Mário Sérgio, o Santos de Giovanni mantendo a invencibilidade, o XV surpreendendo, a Lusa se aguentando e o São Paulo se firmando, esse Campeonato Paulista vai acabar ficando na história. Texto Anterior: Bicampeão Milan e Benfica fazem o "clássico da crise" no San Siro Próximo Texto: Lá vem bomba Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |