São Paulo, quarta-feira, 1 de março de 1995
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Guia de 'serial killers' virá em CD

MARIA ERCILIA
EDITORA-ADJUNTA DO MAIS!

O norte-americano Raphael Laderman, 36, concebeu e produziu o CD-ROM JFK Assassination - A Visual Investigation (leia texto ao lado). JFK foi indicado para duas categorias do Digital Hollywood Awards (espécie de Oscar da multimídia), na semana passada, em Los Angeles: melhor CD de referência, jornalismo ou interesse geral, e melhor CD-ROM (da qual Myst foi campeão). Embora não tenha ganho, foi um dos finalistas.
O próximo projeto da Kozel Multimedia (companhia de Laderman) é o Serial Kllers CD-ROM, que terá minidocumentários de cerca de 15 casos famosos de "serial killers" (assassinos que matam em série), uma seção chamada Laboratório Forense, com análises dos trabalhos dos criminosos, vídeos de interrogatórios e uma entrevista com o ex-agente do FBI que inventou o termo serial killer. Leia abaixo entrevista exclusiva com Laderman, via e-mail, pela Internet.

Folha - JFK foi seu primeiro CD-ROM? Você foi responsável por que parte do trabalho?
Laderman - Sim, foi o primeiro. O conceito foi meu. Desenhei a maior parte dele, programei também, desenhei o layout e trabalhei com um designer gráfico nos layouts das telas. Meu parceiro, Mark Bardorf, que é advogado, cuidou do licenciamento do conteúdo, como o Zapruder Film. Ele também editou a maior parte do texto e contribuiu para o design. Mark e eu não estamos trabalhando mais juntos, e eu formei uma nova companhia para produzir o "Serial Killers CD-ROM".
Folha - Kennedy é uma obsessão americana. Serial killers também. Você tem um interesse pessoal nesses temas, ou apenas acha que eles vendem?
Laderman - Mark era namorado de minha melhor amiga, e me perguntou uma noite: por que não fazemos multimídia juntos? Fiquei pensando nisso, e flertamos com algumas idéias. A primeira era sobre arte psicodélica e drogas e os anos 60, mas era um tópico difuso demais.
Uma noite Mark, minha amiga Jessica e eu estávamos sentados num bistrô e eu sugeri: Por que não o assassinato de JFK? Se colocarmos o 'Zapruder Film' nele, as pessoas poderão estudá-lo de maneiras difíceis de se fazer em vídeo, examinando cada fotogramas." E é um produto com foco —seu âmbito é definido.
Mas foi minha primeira investida em multimídia, assim o fato de que as pessoas o citam como um dos melhores títulos de CD-ROM multimídia —a PC Magazine o chamou de modelo de como deveriam ser feitos os CD-ROM históricos— ainda me surpreende.
Folha - O que você fazia antes de JFK? Quais você acha que são as vantagens e desvantagens específicas desse meio? Que tipo de temas você acha que são mais apropriados para ele?
Laderman - Já fiz um bocado de coisas. Sempre dei consultoria de informática, para ganhar dinheiro. Fiz design de rede e sistemas para companhias como a Pepsi-Cola, MTV, Chase Manhattan Bank e outras. Mas também produzi alguns discos de rock, toquei guitarra, fiz exposições de fotografia... Assim, de certa forma estava fazendo multimídia. Mas não tudo ao mesmo tempo.
Quando penso em temas para um novo CD-ROM, a primeira questão que me faço é: Por que isso deveria estar em um CD? Por que não é melhor em livro? Por que não é melhor em vídeo? Se você puder responder bem esta questão, você tem um bom tema.
Até agora, com Serial Killers, a resposta tem a ver com todos os aspectos do fenômeno, todo o trabalho de arte dos serial killers, os diários, as confissões em vídeo, pareceres de especialistas, e livros de referência. Tudo isso pode ser posto num CD-ROM e dar uma visão do assunto que nenhum outro meio daria.
É verdade que ambos os títulos são sangrentos, e eu realmente não quero fazer outro título sangrento, pelo menos por algum tempo. Alguém sugeriu que eu fizesse algo sobre o Holocausto, mas acho que já lidei com pesadelos suficientes por hora. Quero fazer algo mais leve da próxima vez. Talvez mesmo para crianças.
Folha - Você fez entrevistas e pesquisas especialmente para Serial Killers ou usou material já existente?
Laderman - Nós viajamos pelo país e entrevistamos vários verdadeiros especialistas no assunto. Por exemplo, temos seis horas de entrevista com Robert Ressler, ex-agente do FBI que inventou o termo serial killer, e que entrevistou mais de cem deles. Ele também fez grande parte dos primeiros trabalhos de perfil psicológico na área. Entrevistamos também psicólogos forenses e outros experts. Acho que fornecemos alguns dados novos sobre serial killers, coisas que poucas pessoas sabem. Não sou um especialista da área, assim não temos uma opinião editorial —apresentamos as opiniões de vários especialistas, que de qualquer forma não concordam um com o outro.

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