São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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Saiba como o banco faliu

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

Apesar das denúncias de que as operações de Nick Leeson, que levaram à falência do banco Barings, foram intencionais, acredita-se que o prejuízo de no mínimo US$ 1 bilhão foi causado por falta de sorte e erros do operador.
Leeson trabalhava principalmente com a Bolsa de Tóquio, que sofreu uma queda inesperada a partir do dia 15 de janeiro, quando um terremoto destruiu a cidade japonesa de Kobe.
Até este momento, Leeson tinha uma posição privilegiada em Cingapura, conhecido como um operador brilhante, de ganhos milionários no mercado japonês.
Quando as perdas começaram a se acumular por causa do terremoto, Leeson teria tentado limitar suas perdas comprando contratos futuros, esperando que fosse seguido por outros.
O mercado não se comportou da forma como ele queria, mas ele continuou comprando, o que levou muitos colegas e rivais a suspeitarem de suas ações.
O operador tentava demonstrar tranquilidade e teria chegado a se gabar, dizendo que um executivo do Barings o havia cumprimentado e entregue um bônus de US$ 1,6 milhão.
A situação não era exatamente esta e quando Leeson desapareceu sua participação no mercado japonês já havia chegado a US$ 27 bilhões, o que levou à falência do Barings.
As autoridades de Cingapura e a banco central britânico continuam investigando para saber se Leeson errou ou se planejou um golpe.
A Bolsa de Tóquio voltou a cair ontem, 2,5%. O índice Nikkei já perdeu 4,9% desde sexta-feira, devido à falência do Barings.
Segundo Stephen Rose, da corretora Stephen Rose & Partners, casos como o do Barings trazem incertezas ao mercado.
Para ele, o episódio não vai se transformar numa crise e a recuperação do mercado de Londres, a partir da terça-feira, foi uma mostra disso.
(RS)

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