São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995 |
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O radar da casa da Mãe Joana; Entrevista de Cioran; Custos do metrô; Fel de Roberto Campos; Por uma Previdência justa; Qualificação profissional; Infundadas alegações; O Tietê de Fleury; Racismo e superficialidade; Gangsterismo ideológico; Consciência brasileira; Arbitrariedade e pouco-caso; Periferia não dá ibope O radar da casa da Mãe Joana "Para além do aparente interesse francês em desestabilizar o resultado da concorrência do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), é ridículo o posicionamento do chefe da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos): 'É notório o lobby da CIA nos EUA para redefinir o seu papel'. E daí? O posicionamento visa a minimizar o 'affair', mas o fato é que o Brasil virou palco (com conhecimento público) de espionagem internacional da CIA, da França, de Israel etc. A propósito, não me recordo de um pedido de retratação, explicação, seja lá o que for, do governo brasileiro a esses países. Este país é realmente a casa da Mãe Joana." Luiz Carlos Barros da Silva (Salvador, BA) Entrevista de Cioran "Estou satisfeito que a oportuna publicação da entrevista com o filósofo romeno Emil Cioran (no caderno Mais! da edição de 12/02) não tenha passado despercebida pelo olhar clínico do sr. Caio Túlio Costa (Revista da Folha, 19/02). Li entusiasticamente toda a entrevista, pois há ali lições de um homem sábio. Lições para quem acredita ou não no sentido da vida. Lições de um sábio que, como bem disse Caio, passou a vida inteira pensando contra si mesmo, negando-se, recusando-se a crer no sentido das coisas." Rosel Bonfim Soares (Salvador, BA) Custos do metrô "O leitor A. Cordenunzzi sugere, no Painel do Leitor de 26/02, que o governo faça uma concessão do metrô a uma empresa internacional. É bom saber que não existe investimento privado em nenhum metrô do mundo. Em Buenos Aires, onde a operação foi privatizada, a companhia que opera o metrô ainda recebe dinheiro do governo, que se responsabiliza também pelos investimentos. O Metrô de São Paulo cobre com a tarifa cerca de 80% dos custos com a operação. É uma das taxas mais altas de cobertura do mundo." Rogerio Belda (São Paulo, SP) Fel de Roberto Campos "Embora erudito, o sr. Roberto Campos continua patético em função da tendência de destilar fel e arremetê-lo contra pessoas e instituições de forma ofensiva. Saia da sua redoma intelectual e asséptica de seminarista, sr. Roberto Campos, venha conhecer os brasileiros de perto, inclusive aqueles cuja opção foi o serviço público, pois assim o sr. passará a respeitá-los." Aroldo Bernhardt (Blumenau, SC) Por uma Previdência justa "Fiquei feliz e senti-me menos órfã quando li o artigo do ilustre advogado Dalmo de Abreu Dallari, no dia 27/02. Os contribuintes, que compulsoriamente pagaram a Previdência, não podem arcar com o ônus dos desmandos, da incompetência, da desonestidade da gestão do dinheiro e das fraudes e terem seus direitos usurpados." Maria da Graça Zucchi Moraes (Itirapina, SP) Qualificação profissional "Finalmente alguém de porte jornalístico, como Gilberto Dimenstein, traz à discussão o sério problema do exame de qualificação profissional. A hora é agora para a revisão geral na formação dos futuros profissionais." Roberto de Mello (Assis, SP) Infundadas alegações "Com referência ao artigo publicado no dia 25/02, na coluna Opinião Econômica, pelo sr. José Eduardo Favaretto, será que não existe no governo quem venha para rebater as infundadas alegações do referido sr., que fala em nome da Fiat? A Fiat vem tentando convencer os incautos dizendo que o sistema de vendas 'Mille on line' visa combater a cobrança de ágio. O sistema não garante que revendedores inescrupulosos continuem comprando os carros populares e revendendo com ágio. Por outro lado, a Fiat achou uma boa maneira de receber com antecedência 50% do preço do carro..." Fernando Rocha (Belo Horizonte, MG) O Tietê de Fleury "Congratulo-me com este jornal, em especial com a jornalista Barbara Gancia, pelo texto 'Fleury ainda há de nadar no rio Tietê'." Paulo Roberto Faria Lima, vereador (São Paulo, SP) Racismo e superficialidade "A matéria da sra. Marilene Felinto de 19/02 é irritante e insulta a mim, afrobrasileiro consciente. A matéria se insere na cultura do racismo brasileiro, em que os fatos relevantes para as comunidades negras são tratados com superficialidade, escárnio e má-fé. Estou indignado com o insulto, com a falta de ética jornalística e com o despreparo histórico da articulista no relativo às questões dos quilombos brasileiros e sobretudo o de Palmares." Henrique Cunha Jr. (Fortaleza, CE) Gangsterismo ideológico "Alguns amigos, com humor positivo, dizem que exagero a quantidade e a frequência das cartas aos jornais. Agora vou tentar parar. A causa instantânea, como uma gota d'água, foi o 'Jornal Nacional'. Mas o que explodiu tão emocionalmente às 20h15 de 16/02? Um extremo cansaço. A consciência concreta do que aprendi, um tanto academicamente com um historiador inglês, sobre a história dos derrotados. O país será finalmente reformado. O mandatário do Executivo só não diz que o país será revolucionado porque, segundo ele mesmo, ele não é demagogo. A ética peculiar dos dirigentes estatais não desmente a grande mídia. Sabe usá-la, e ela se propõe a ser usada alegremente. Repentinamente, tudo converge para a ausência de reação da maioria da população apartada. Corremos o risco de os historiadores sociais do século 21, unanimemente, diagnosticarem o drama final da última década do século anterior: foi melhor ter tido um gângster propriamente dito na Presidência, pois este é descoberto e expelido rapidamente —ou foi expelido por que exagerou?— do que um ilibado gângster ideológico." Olavo Cabral Ramos Filho (Rio de Janeiro, RJ) Consciência brasileira "Houve tempos em que a consciência de uma nação era talhada pela Igreja e as famílias. Hoje ela é construída pela mídia. Uma coisa é certa: nunca o Brasil precisou tanto da mídia para a construção de uma consciência da nação brasileira."' Benedito Aparecido Lemes (Mogi Mirim, SP) Arbitrariedade e pouco-caso "Fui aprovada no concurso público do Tribunal de Contas do Espírito Santo, realizado em dezembro de 94, sendo que, para a etapa de classificação necessito da certidão de tempo de serviço público. Trabalhei na Prefeitura de São Paulo. Em novembro dei entrada com o pedido no Departamento de Recursos Humanos-26. Qual não foi meu espanto: o DRH só entrega o documento com prazo mínimo de 90 dias. O Tribunal de Contas também estabeleceu data de recebimento da certidão. Estamos no mês de março e no próximo dia 11 completarão 120 dias. E mais: ninguém sabe informar a direção do processo, que tem o nº 06-005.098*26. No DRH, alegam serem muitos. Daí, não terem a mínima idéia (!) de quando entregarão o documento. Quero saber de que forma posso me defender de tamanha arbitrariedade e pouco-caso." Jacelia Barbosa Lima (Vila Velha, ES) Periferia não dá ibope "O prefeito Paulo Salim Maluf deveria mostrar o mesmo empenho utilizado no combate ao fumo em restaurantes com relação aos problemas causados pelas chuvas na periferia, em que pessoas morrem e ficam desabrigadas. Mas provavelmente a providência não daria tanto ibope..." Dinael Alves da Silva (Barra Bonita, SP) Texto Anterior: Caminhos indígenas Índice |
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