São Paulo, sábado, 4 de março de 1995 |
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Chile fará acordo paralelo com Mercosul
FERNANDO RODRIGUES
Será um tratado do Chile com o Mercosul. E não para que o Chile ingresse no Mercosul. Basicamente, estabelecerá um cronograma de até dez anos para que se alinhem as tarifas de importação chilenas com as do Mercosul. "Não significa que o Chile estará no Mercosul", disse Juan Salazar, o diretor geral de Relações Econômicas Internacionais do Ministério das Relações Exteriores do Chile. É o negociador chileno para assuntos ligados ao Mercosul. O Mercosul é uma associação de quatro países (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). Vigora desde 1º de janeiro passado e visa uma total integração comercial, e, futuramente, econômica. O Chile tem interesse em entrar no Mercosul. Mas sua economia é mais aberta do que a dos países já associados. Isso impede que os chilenos se integrem totalmente. Por exemplo, o Chile tem uma tarifa de importação fixa, para qualquer produto, de 11%. Nos países do Mercosul, esse importo varia de zero a 20%, sem contar as centenas de exceções. A visita do presidente Fernando Henrique Cardoso ao Chile serviu para dar um impulso político às discussões. Mas não houve resultado prático. FHC e o presidente do Chile, Eduardo Frei, assinaram ontem uma declaração conjunta para celebrar a visita. Com cinco páginas, o texto, genérico, dedica 18 linhas ao tema específico do Mercosul. Os dois presidentes afirmam que os mecanismos de integração da região ajudam a aumentar a "eficiência e competitividade" dos países. O texto é exclusivamente político. Não há datas ou propostas concretas para efetivação da entrada do Chile na associação. O negociador chileno, Juan Salazar, deu entrevista falando sobre as dificuldades do pacto na sala contígua à qual os presidentes protagonizavam a assinatura do documento. Para Salazar, à parte de algum acerto mínimo sobre tarifas de importação, "os demais pontos seguem sem data" para serem concluídos. O interesse do Chile é maior na área de serviços, principalmente telecomunicações, energia e transportes. Esteve no Chile junto com FHC o vice-governador de Mato Grosso, Márcio Lacerda. Há interesse do governo desse Estado em fazer uma ligação terrestre com o porto chileno de Arica. O problema do Mercosul, segundo Juan Salazar, "é que, por enquanto, ou se está dentro ou se está fora". Para o chileno, o eventual acerto é positivo porque abrirá a possibilidade de acordos bilaterais. Texto Anterior: Deputados recuam e não votam 14º salário Próximo Texto: Guerra santa Índice |
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