São Paulo, sábado, 4 de março de 1995
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Banespa atrasa dívida com Banco Central

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde dezembro o governo paulista não paga prestações de uma dívida negociada com o Banespa. As três obrigações em atraso somam US$ 233 milhões.
O Banco Central, que mantém o Banespa sob intervenção, entende que o governo paulista deve pagar essas prestações antes de iniciar negociações para retomar o controle do banco.
O principal devedor do Banespa é justamente seu acionista-controlador, o governo paulista.
A dívida total do Estado, incluídas as estatais, beira os R$ 10 bilhões.
Parte dessa dívida foi negociada, com a intermediação do BC, na administração do ex-governador Luis Antonio Fleury Filho. O acordo previa que o governo paulista pagaria prestações mensais, todo dia 15, de US$ 33 milhões, até dezembro de 1994, último mês do mandato de Fleury.
Já em janeiro, com o novo governo, as prestações mensais passariam para US$ 100 milhões. Fleury pagou regularmente até novembro. Em dezembro, quando a situação do banco era crítica, não pagou.
O governador Mário Covas assumiu já com o Banespa sob intervenção. Não pagou as prestações de janeiro e fevereiro, dada a crise financeira aguda que atingia o governo de São Paulo. No dia 15 deste mês, vence mais uma prestação de US$ 100 milhões.
Ontem à tarde, o presidente do Banco Central, Pérsio Arida, estve reunido em São Paulo, com alguns integrantes da junta interventora no Banespa. Examinaram o relatório prévio sobre a situação do banco e começaram a tratar das alternativas de saneamento.
Qualquer saída exige que o governo paulista capitalize o banco, isto é, comece a pagar suas dívidas. Para o BC, a negociação deve começar justamente com o pagamento das prestações atrasadas, antes que o Banespa seja obrigado a colocá-las como crédito em liquidação, para cobrar na justiça.
Os interventores no Banespa, funcionários do BC, não podem dar declarações públicas. Mas, em conversas com pessoas do mercado financeiro, eles têm dito que há espaço e condições para se negociar a dívida do governo paulista.

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