São Paulo, sábado, 4 de março de 1995
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Presidiários transferidos fazem novo motim em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

Presidiários transferidos fazem novo motim em SP
Um grupo de nove presos iniciou uma rebelião ontem por volta das 17h na Penitenciária de Franco da Rocha (Grande São Paulo). Até as 23h, cerca de 45 funcionários da prisão eram mantidos como reféns. Não havia informação sobre feridos.
O diretor-substituto da cadeia, Aleixo Nogueira Lelis Filho, estava entre os reféns. Apenas uma refém havia sido liberada.
O motim era liderado pelos mesmos detentos que se rebelaram na Penitenciária 2 de Hortolândia (115 km a noroeste de SP) e que tinham sido transferidos para Franco da Rocha (leia texto ao lado).
Os presos disseram ter se rebelado novamente após serem informados de que receberiam uma punição disciplinar de 30 dias em cela pelo motim em Hortolândia.
Segundo agentes penitenciários, os detentos aproveitaram uma reunião com o diretor Lelis Filho para iniciar o motim. Eles dominaram o diretor e se apoderaram do setor administrativo.
Às 21h10, a energia elétrica do presídio foi cortada, provavelmente devido a uma forte chuva. A energia só voltou às 22h20.
Às 21h20, acompanhados pelo secretário-adjunto da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, que liderou as negociações com os detentos, um preso e um refém foram até a porta do presídio.
"Prometeram que não iríamos para o castigo. Hoje (ontem) avisaram que vamos ter punição, por isso nos rebelamos", disse o preso, que se identificou como Pavão.
O juiz-corregedor Ivo de Almeida, o coordenador de Estabelecimentos Penitenciários do Estado, Lourival Gomes, e o diretor do presídio de Franco da Rocha, Antonio Manuel de Oliveira Filho, que estava em férias, também participaram das negociações.
Inicialmente, os presos disseram que só conversariam com o governador Mário Covas "porque já tinham sido enganados" nas negociações para a transferência para Franco da Rocha.
O secretário da Administração Penitenciária e da Justiça, Belisário dos Santos, se reuniu com Covas para discutir a rebelião. Segundo Santos, às 23h a situação era tranquila e a orientação era para manter as negociações.
O diretor de disciplina do presídio de Franco da Rocha, Vitalino de Oliveira Neto, tinha dito anteontem que os detentos transferidos de Hortolândia —Marcos Antônio de Jesus, Manoel Messias Santos de Oliveira, Antônio Amorim de Souza, Valdir de Barros, Luciano César de Souza, Marcos Antônio da Silva, Márcio Alves Coelho, Vágner Aparecido Ferreira e Laerte Gomes Ferreira— seriam postos em celas separadas para evitar motins.
Durante a rebelião, o policiamento da Penitenciária de Franco da Rocha foi reforçado pelo Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da PM e pela Rota. Policiais de cidades vizinhas como Caieiras e Francisco Morato faziam o policiamento em torno do presídio.
A penitenciária de Franco da Rocha tem 1.700 presos.

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