São Paulo, sábado, 4 de março de 1995
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Peça transporta anos 90 para o banheiro

DA REDAÇÃO

Peça: O Banheiro
Autor: Pedro Vicente
Onde: Centro Cultural Maria Antonia (r. Maria Antonia, 294, tel. 011/255 7182)
Quando: quarta a sábado, às 21h, domingo, às 20h

Peça: Corpo a Corpo
Autor: Oduvaldo Vianna Filho
Onde: Teatro Aliança Francesa (r. General Jardim, 182, tel. 011/259-0086)
Quando: de quarta a sexta e domingo, às 21h, sábado, às 20h

A peça "O Banheiro", de Pedro Vicente, que estréia hoje, parte de uma boa idéia. Mostra uma festa de réveillon através do que acontece dentro de um banheiro anos 90 —aquele desvirtuado de suas funções mais óbvias para se tornar cenário de consumo de cocaína, sexo e brigas.
A peça não tem propriamente uma história. As situações são criadas com a única preocupação de provocar riso. Mas, para isso, usa personagens sem consistência, tipos que lembram historinhas de banca de jornal.
Exemplos: a garota de sucesso profissional abandonada pelo namorado que vai morar na Bahia porque não aguenta "segurar a barra", o rapaz traficante que bate a cabeça no chão e perde a memória, o namorado que se excita com o sangue da menstruação. Tudo recheado com toques de homossexualismo feminino e conversas sobre o tamanho do pênis dos participantes da festa.
Os diálogos seguem a mesma toada da obviedade. "Se liga, Marião. A Rosa não tá a fim de nada, cara, eu tenho certeza. Pra ela, homem é laranja. Ela só pega o suco, o resto é casca e bagaço", diz o personagem Rica.
Ou: "Garotas! Garotas! Vocês não vão acreditar. Chegaram dois negões argelinos (...) falando francês, cheios de amor pra dar", se anima a personagem Ana.
A favor da montagem pode contar a direção de Johana Albuquerque, ganhadora do prêmio Nascente, da USP, pela direção de "Noite", de Harold Pinter, em 1991, e cenografia por "A Estrangeira", inspirado na "Medéia", de Eurípides, em 1993.
A peça entra em cartaz no Centro Cultural Maria Antonia, antiga Faculdade de Filosofia da USP.
Outra estréia hoje na cidade é "Corpo a Corpo", de Oduvaldo Vianna Filho. Escrita nos anos 60, a peça é um monólogo. O personagem Vivacqua é um publicitário em crise, por ter "'se vendido ao sistema".
A montagem é do grupo Tapa, no Teatro Aliança Francesa. Faz parte do projeto Panorama do Teatro Brasileiro.

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