São Paulo, segunda-feira, 6 de março de 1995
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Instituições devem sofisticar controles

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

A quebra do banco Barings no Carnaval e a suspensão de 28 operadores da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), suspeitos de fraude, criaram a necessidade do sistema financeiro de sofisticar os controles administrativos.
Jorge Maluf, professor de finanças da Faculdade de Economia e Administração, da Universidade de São Paulo, diz que, com exceção de alguns bancos estrangeiros, as instituições brasileiras são desprovidas, em sua quase totalidade, de instrumentos confiáveis de medição e controle de riscos.
A quebra do Barings é um alerta para os muitos bancos e fundos de investimento brasileiros que operam de forma agressiva com mercados futuros (ou derivativos). Esses bancos correm riscos hoje, sem instrumental adequado de controle, segundo ele.
Para Maluf, os problemas de gestão de risco no Brasil são muitos: as políticas de gestão de riscos das instituições financeiras são mal estruturadas, inconsistentes e parciais. Os órgãos de fiscalização no Brasil (Comissão de Valores Mobiliários e Banco Central) são pouco atuantes nesses mercados, por falta de aparelhamento, recursos e treinamento.
Para ele, o caso Barings deve servir de exemplo para a necessidade dos bancos estruturarem estratégias de gestão e controle de riscos, além da capacitação do pessoal de auditoria.
Maluf diz que os eventuais problemas de controle não invalida os benefícios que os mercados futuros têm oferecido como garantia contra variações de preços e de juros para milhares de empresas e bancos que utilizam esses instrumentos, como a Vale, McDonald's e outras.
Uma regra básica nos mercados futuros é de que se houve ganhos, alguém perdeu. Os 28 operadores suspensos trocavam informações sobre as ordens de grandes investidores (até mesmo de fundos de commodities) que seriam executadas e conseguiam se antecipar realizando ganhos pessoais de até US$ 1 milhão por mês.
Casos semelhantes aconteceram na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e houve suspensões dos operadores envolvidos, diz o superintendente Gilberto Mifano.
Eduardo da Rocha Azevedo, conselheiro da Bovespa, diz que a suspensão dos 28 operadores de pregão da BM&F é uma atitude histórica, dentro do princípio de auto-regulação das Bolsas.
Raymundo Magliano Filho, conselheiro da Bovespa, diz que a fraude é uma questão criminal a ser tratada na Justiça.

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