São Paulo, segunda-feira, 6 de março de 1995
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Edmundo vê 'deboche' e ataca direção do Palmeiras

MÁRIO MOREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de salvar o Palmeiras de um empate com a Ferroviária, ao marcar o gol da vitória a quatro minutos do fim do jogo, o atacante Edmundo criticou a diretoria do clube e alguns companheiros.
Sem citar nomes, ele afirmou que outros jogadores palmeirenses debocharam de suas explicações sobre seu atraso na reapresentação do elenco na Quarta-Feira de Cinzas, após as folgas de Carnaval.
O atacante só reapareceu no clube na quinta-feira.
Disse, então, ao técnico Valdir Espinosa que se atrasara em função de uma forte gripe e do tráfego intenso entre Cabo Frio (litoral fluminense), onde passou os últimos dias do Carnaval, e o Rio, de onde seguiria para São Paulo.
Como Espinosa aceitou a explicação, Edmundo ficou livre de qualquer punição pelo atraso.
"Já avisei aos diretores que, se me multarem, vou embora. Eles poderão ficar com meu salário todo que eu puxo meu carro", disse Edmundo, após o jogo de sábado.
"A imprensa força a barra para cima de mim e parece que a diretoria tem medo dela", continuou o atacante. "Mas a diretoria precisa se lembrar que ainda não pagou vários prêmios aos jogadores."
O vice-presidente de futebol do Palmeiras, Seraphim Del Grande, admitiu que o clube deve ao elenco parte da premiação pela conquista do Campeonato Brasileiro de 94, decidido em dezembro.
Ele afirmou, porém, que isso já estava previsto num cronograma relativo ao pagamento desse prêmio, do qual os jogadores teriam conhecimento.
Seraphim Del Grande afirmou ainda que a diretoria não cogitou de multar Edmundo por se atrasar à reapresentação. "Só faríamos isso se o Espinosa nos pedisse."
Edmundo se declarou "emocionado com o carinho da torcida" durante o jogo com a Ferroviária, no Parque Antarctica.
Depois do gol da vitória, o sexto do atacante no Campeonato Paulista, os torcedores gritaram em coro: "Fica, Edmundo! Você vai ser campeão do mundo!"
Ele não respondeu, porém, se essa manifestação pode levá-lo a mudar de idéia sobre sua decisão, anunciada no mês passado, de sair do Palmeiras ao final do seu contrato, em julho.
O jogador afirmou ter tido sorte no lance do gol. "Podia ter chutado de primeira, mas felizmente consegui marcar depois."
Edmundo disse que correu para abraçar Espinosa, após fazer o gol, porque o técnico demonstrou compreensão diante das explicações sobre sua falta na quarta-feira.
"Ele me deu força e acreditou em mim."
Espinosa disse ter se emocionado com o gesto do atacante. "Olha que sou calejado em emoções, mas esse abraço me tocou bastante."

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