São Paulo, segunda-feira, 6 de março de 1995
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Apesar de campanha, veteranos da USP mantêm trotes violentos

DA REPORTAGEM LOCAL

As campanhas pelo fim da violência nos trotes das universidades não conseguiram sensibilizar alguns estudantes. Tem veterano que continua recebendo os calouros com tesouras, tintas e terrorismo.
Quatro estudantes de odontologia da USP (eles só deram as iniciais de seus nomes para não criar problemas com veteranos) contam que tiveram uma recepção nada agradável no dia da matrícula na faculdade.
"O trote foi um horror, eles cortaram nossos cabelos, nos sujaram de tinta e de lama e ainda rasgaram todas as nossas roupas", diz G.L, 21.
Ele conta que foi obrigado a fazer flexões na lama e que na hora de fazer a matrícula teve dificuldades por estar sujo de tinta.
Seu colega S.D, 18, ficou chocado com a agressividade com que as meninas da turma foram tratadas. "Eles obrigaram todas as meninas a tirar o sutiã e algumas choraram".
R.G, 19, outro alvo da violência dos veteranos, diz considerar o trote "nazista". "Parece campo de concentração", diz.
No dia do trote os estudantes receberam uma cartilha com dicas de como se virar na escola. Um item fala o que os calouros devem fazer quando cercados por veteranos: "Ser bonzinhos e deixar que os veteranos os escalpelem".
Segundo Ivan El Murr, presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Odontologia, o trote obedeceu às tradições da faculdade. "Não teve uso de violência, nem violência moral. Foi só brincadeira ", diz.
Segundo ele, o objetivo do trote é integrar os alunos à universidade. "O problema é que tem veterano que exagera e corta muito a roupa deles", admite.

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