São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995
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Preço do importado pode subir até 3%

LUIZ ANTONIO CINTRA ; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os preços dos produtos importados devem subir até 3% de agora em diante, como reflexo da desvalorização do real frente ao dólar, segundo importadores.
Isso porque o comércio deve repassar integralmente o aumento do custo do produto importado.
O impacto da mudança no câmbio deve ser de 0,25% no nível geral de preços, calcula Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Silex Trading. As importações representam 6% do PIB (Produto Interno Bruto), informa.
Segundo ele, a correção no câmbio mostra que o governo pretende colocar em ordem as contas externas do país, mesmo em prejuízo da estabilidade dos preços.
Joseph Tutundjian, vice-presidente da Cotia Trading, diz que o aumento dos preços dos importados vai variar conforme o tipo de produto e de acordo com a competitividade de cada mercado.
Na sua avaliação, ainda é prematuro estimar o impacto da mudança do câmbio nos preços.
O consumidor, diz, deve sentir os aumentos em 90 dias.

Supermercados e lojas
" Hoje, não temos mais o ganho financeiro e da virada de tabela para bancar esse aumento de custos", diz Firmino Rodrigues Alves, presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados).
Por isso, explica, os supermercados devem repassar para o preço final o aumento no custo do importado. Ele acha que o consumidor vai sentir a alta já em abril.
Nelson Sendas, diretor de importação do Grupo Sendas, que importou US$ 35 milhões em 1994, diz que a desvalorização do real já era esperada.
Segundo ele, em produtos como maionese, merluza (um tipo de peixe) e cerveja, o aumento será totalmente repassado para o preço final. Motivo: eles já estavam com margens de lucro apertadas.
A rede Sendas, onde os importados representaram 5% das vendas em 1994, diz que, dependendo do produto, pretende rever o volume de importações.
O Grupo Paes Mendonça, que em 1994 faturou US$ 64,4 milhões com importados, não vai mudar a expectativa de vendas para 1995 —de US$ 74 milhões.
" O consumidor já está acostumado a comprar importados e tem condições de absorver esse aumento", diz Nelson Veiga, diretor de Assuntos Corporativos do Paes Mendonça.
A alta dos importados, segundo Veiga, não deve ser generalizada porque hoje o mercado é bastante competitivo.
O Eldorado diz que ainda é cedo para avaliar os reflexos das medidas na operação da empresa. A rede vende mil itens importados.
Para o atacadista Romeu Curi Cássia, sócio da Tecidos Cássia-Nahas, ainda é vantajoso importar tecidos similares aos nacionais, mesmo depois da desvalorização do real.
" O importado chega aqui custando entre 30% e 40% mais barato do que o tecido brasileiro", afirma o empresário.
O atacadista, que tem 30% das vendas nos importados, diz que vai tentar negociar com fornecedores estrangeiros um desconto equivalente à desvalorização do câmbio para manter o preço final.
Também a rede Arapuã, onde os eletroeletrônicos importados representam 15% das vendas, informa que vai seguir a mesma linha. O objetivo, diz João Alberto Ianhez, diretor da empresa, é continuar tendo importados com preços competitivos nas lojas. Ele diz que ainda é cedo para afirmar se a meta de importação será revista.
Também as empresas que revendem produtos por meio de catálogos não acham que serão muito afetadas pela medidas cambiais.
" Quem paga R$ 20 por um produto importado não vai deixar de comprá-lo por causa dessa pequena desvalorização", diz Walter dos Santos, diretor-superintendente da Mappin Stores, empresa que comercializa 216 itens por meio de catálogos.

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