São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995
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Valorização tem pouco impacto em importados

Consumidor pode receber repasse

GRAZIELE DO VAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A valorização de 2,8% na cotação do dólar comercial —que era vendido a R$ 0,858 na última sexta-feira e passou a R$ 0,882, no fechamento de ontem— deve ter um impacto pequeno sobre os preços dos artigos importados comercializados em lojas e feiras do país.
Na pior das hipóteses, o aumento será repassado ao consumidor, dizem os lojistas que trabalham com esses produtos na avenida Paulista e na rua Augusta.
Eles não acreditam que a medida provoque uma alteração radical em seus negócios, nem vêem necessidade de refazer o planejamento de compras para este ano.
"O percentual é muito pequeno e provavelmente ficará diluído no custo final", afirma Cosmo Antônio Pataro, gerente da C & S Import, que vende bebidas importadas.
Sônia Pereira, 43, proprietária da SLM Bazar, tem a mesma opinião. "Os reflexos só vão ser sentidos realmente quando a valorização for maior", diz. Ela comercializa artigos de informática e presentes.
Segundo Mauro Otoni, proprietário da Tabacaria Otoni, a situação tende a ser bastante parecida com a do mercado de carros importados.
"O governo aumentou as alíquotas e pouca coisa mudou", afirma.
"A solução é diminuir o lucro por unidade para proporcionar um giro mais rápido e negociar com os fornecedores. Se nenhuma alternativa der certo, os preços devem ser repassados aos consumidores", diz Olga Kaguiyama, 43.
O bancário Marcelo Santana Bittencourt, 24, acha que a valorização do dólar trouxe os brasileiros de volta à realidade.
"A diferença que havia entre a moeda americana e o real era uma ilusão, uma situação artificial. Seria bom se fosse verdade", diz.
Para o promotor Jonas Santecchia, 23, a medida é um indício de que o Plano Real está em decadência "como todos os outros planos".
"No começo tudo vai bem. Depois, começam as desculpas porque a coisa caminha mal", diz Santecchia.

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