São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995
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BM&F negocia recorde de câmbio futuro

FIDEO MIYA; JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os boatos espalhados por operadores de alguns "dealers" (bancos que operam no mercado em nome do Banco Central) provocaram fortes movimentos especulativos nos mercados futuros da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) a partir das 15h30 de ontem.
Os boatos diziam que o BC não estaria garantindo que venderia dólar no momento em que a cotação batesse no limite superior da faixa de flutuação, de R$ 0,90 até o final de abril próximo. Ou seja, de que poderia alterar a qualquer momento as "bandas" fixadas ontem.
Alberto Alves Sobrinho, diretor da Fair Corretora de Câmbio, e Cláudio Lellis, diretor de tesouraria do Lloyds Bank, consideraram "absurda" essa hipótese.
"O BC terá que vir a público esclarecer os pontos do comunicado que ficaram obscuros e que deram origem aos boatos", disse Alves Sobrinho. Lellis disse acreditar que a cotação do dólar comercial não chegará a R$ 0,90 até o dia 30 de abril próximo.
Os boatos, porém, detonaram uma corrida ao dólar no mercado futuro da BM&F, que ontem bateu seu recorde histórico no volume de negócios, segundo Eduardo Leme, diretor do Multibanco, associado ao Bank of America. Foram negociados 635.460 contratos, equivalentes a US$ 5,67 bilhões.
As cotações dispararam. Para o primeiro dia de abril, a moeda norte-americana foi cotada a R$ 0,898, com alta de 2,98% em relação aos R$ 0,872 da sexta-feira passada. Para o início de maio, a cotação saltou de R$ 0,893 para R$ 0,918 no mesmo período, com valorização de 2,80%.
O movimento especulativo repercutiu também nos contratos futuros de taxas de juros (DI), que passaram a projetar 3,43% para este mês e 3,66% para abril. Na sexta-feira, as projeções eram de, respectivamente, 3,39% e 3,49%.
Até as Bolsas de Valores foram afetadas pelos boatos em torno do câmbio. O Índice Bovespa, que chegou a subir 1,4% às 11h, começou a despencar a partir das 15h30 e acabou fechando com uma forte queda de 4,04%. Mas o volume de negócios foi reduzido, de apenas R$ 130,8 milhões.
(Fideo Miya e João Carlos de Oliveira)

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