São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995
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Acusados de linchar rapaz estão na PM

Inquérito em SP não foi concluído

DA REPORTAGEM LOCAL

Os policiais militares acusados de linchar o metalúrgico Marcelo Pires Barbosa, 28, continuam trabalhando na PM e não foram indiciados no inquérito que apura o caso. O crime aconteceu em 14 de dezembro de 94, no Jardim Noroeste (zona leste de SP).
Pires Barbosa, que sofria de deficiência mental, entrou na casa de uma vizinha, alegando estar sendo perseguido. Quebrou móveis e foi detido por PMs da 3ª Companhia do 2º Batalhão.
Ele teria resistido à prisão. Os policiais o teriam algemado e espancado o metalúrgico, que chegou morto no Hospital de Ermelino Matarazzo (zona leste).
O promotor corregedor do TJM (Tribunal de Justiça Militar), Luiz Roque Lombardo Barbosa, disse que faltam dois laudos para o inquérito ser concluído.
O primeiro é o da reconstituição do crime. A data da reconstituição ainda não foi marcada pelo IC (Instituto de Criminalística). O promotor também afirmou que deverá pedir a exumação do cadáver de Pires Barbosa.
O objetivo da possível exumação seria provar ou desmentir o principal ponto da versão policial —que Pires Barbosa teria se ferido ao bater a cabeça na porta e no vidro do carro da PM.
O laudo ficaria a cargo dos médicos legistas do IML (Instituto Médico Legal). O IML e o IC podem demorara cerca de 30 dias para concluírem os laudos.
Segundo a acusação, cinco policiais foram reconhecidos por testemunhas participantes do linchamento de Pires Barbosa. Nove a dez carros da PM teriam estado no local da prisão.
Entre os acusados está o soldado Valter Silva Leme, que responde a três processos por homicídios, um por tentativa de homicídio e sete por lesão corporal. Ele não foi condenado em nenhum desses processos.
Segundo o major Newton Machado, subcomandante do 2º Batalhão da PM, os policiais acusados estão trabalhando no setor administrativo do quartel, aguardando a conclusão do inquérito.

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