São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995
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Mudança no dólar conturba o mercado

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O mercado financeiro foi conturbado ontem, por causa do anúncio das medidas de mudança na política cambial. As oscilações do dólar comercial foram muito elevadas. Os juros e as cotações do dólar subiram e as Bolsas caíram.
O índice da Bolsa paulista caiu 4,04% e o do Rio (Senn) recuou 0,8%.
A expectativa do mercado era de que as taxas de inflação devem se acelerar, por causa da perspectiva de maior entrada de dólares no país com o fechamento de câmbio pelos exportadores.
Os juros dos CDBs passaram de 48,88% ao ano para uma equivalência de 30 dias na sexta-feira para 50% ao ano ontem.
Alguns bancos preferiram não operar no período da tarde, por causa da instabilidade nas variações do dólar ontem.
Houve recorde financeiro e de contratos no mercado futuro de dólar na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). A BM&F movimentou 635.460 contratos, girando R$ 5,67 bilhões. O recorde anterior de contratos foi de 570.835 em 11 de outubro de 94. O volume de negócios foi de R$ 4,19 bilhões em 26 de janeiro de 95.
O mercado se agitou na primeira hora de negócios, quando o Banco Central informou que iria mudar a política cambial.
Após a divulgação do comunicado 4479, do Banco Central, houve uma certa acomodação e nova agitação no final da tarde, quando ainda persistiam dúvidas.
O entendimento do mercado ontem à tarde era de que a mudança nos intervalos de câmbio vai ser gradual e flexível e não em prazos fixos como se entendia inicialmente.
Carlos Eduardo Sobral, presidente do Forex Brasileiro, que reúne instituições que operam no mercado de câmbio, considerou a mudança cambial como positiva ao trabalhar com um intervalo ("banda") maior, manter o dinamismo do comércio exterior e estimular as exportações.
Os juros altos devem contribuir também para acelerar o fechamento de câmbio por parte dos exportadores.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões renderam, em média, 0,114%. Segundo a Andima, a taxa do over ficou, em média, em 4,14% ao mês, projetando rentabilidade de 3,22% no mês. No mercado de Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), as taxas de juros ficaram, em média, a 4,24% ao mês, projetando rendimento de 3,30% no mês.

As cadernetas que vencem hoje rendem 2,2073%. CDBs prefixados de 30 dias negociados ontem: de 30,0% a 50,2% ao ano. CDBs pós-fixados de 122 dias: 14% a 15% ao ano mais a variação da TR.

Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: a taxa média foi de 5,15% ao mês, projetando rentabilidade de 4,03% no mês. Para 30 dias (capital de giro): de 61% a 112% brutos ao ano.

No exterior
Prime rate: 9%. Libor: 6,44%.

AÇÕES
Bolsas
São Paulo: baixa de 4,04%, fechando com 28.671 pontos e volume financeiro de R$ 130,778 milhões. Rio: queda de 0,8%, encerrando a 13.741 pontos e volume financeiro de R$ 14,48 milhões.

Bolsas no exterior
Nova York: o índice Dow Jones fechou a 3.997,56 pontos. Londres: o índice Financial Times encerrou a 2.287,40 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou a 17.040,72 pontos.

DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,880 (compra) e R$ 0,882 (venda). Na última sexta-feira, segundo o Banco Central, o dólar comercial fechou a R$ 0,856 (compra) e R$ 0,858 (venda). "Black": R$ 0,855 (compra) e R$ 0,865 (venda). "Black" cabo: R$ 0,860 (compra) e R$ 0,870 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,850 (compra) e R$ 0,880 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: alta de 2,61%, fechando a R$ 10,62 o grama na BM&F.

No exterior
Segundo a "UPI", em Londres a libra fechou cotada a US$ 1,6463, contra US$ 1,6190 no dia anterior. Em Frankfurt o dólar foi cotado a 1,4013 marco alemão, contra 1,4325 no dia anterior. Em Tóquio, o dólar fechou cotado a 93,39 ienes, contra 95,28 ienes no dia anterior. Em Nova York a onça-troy (31,104 gramas) do ouro fechou a US$ 378,90.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para março fechou a 3,43% e para abril a 3,66% no mês. No mercado futuro do índice Bovespa, a cotação para abril ficou a 28.500 pontos, com queda de 5,63%. No mercado futuro de dólar, a moeda norte-americana para março fechou a R$ 0,898 e a R$ 0,918 para abril.

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