São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995 |
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"Água Com Açúcar" enfrenta a culpa
SYLVIA COLOMBO
"Esta nova fase é uma volta a mim mesmo, estou limpando meu texto e minha montagem." Para valorizar a palavra, Naum fez questão de um cenário simples, trilha sonora suave e falas claras. Para ele, a culpa é uma preocupação cultural típica da sociedade ocidental. "Ela é uma mediadora, um instrumento da religião católica para sustentar instituições e a moral, num nível mais individual ela aprisiona o indivíduo." As tragédias urbanas foram inspiração para ele. A banalização da violência e da perda de valores levou-o a buscar os sentimentos que as pessoas tinham diante da tragédia para encontrar neles uma identidade. "Assim o público se relaciona com o texto, sentindo-o dentro de um universo comum." Nos seus 25 anos de carreira, Naum escreveu vários textos de teatro. Entre eles: "No Natal a Gente Vem te Buscar", "A Aurora da Minha Vida", "Suburbano Coração" e outros. Dirigiu também Chico Buarque em seu show "Francisco". Depois de mexer com texto e palavras, o diretor sentiu-se tocado pela vontade de uni-los. "Minha ambição é fazer de um texto uma ópera." O casamento perfeito entre o som e a palavra, segundo ele, tem que se desprender do aspecto visual e falar por si mesmo. "Por isso quero fazer uma ópera diferente, em que cenário, figurino e toda a pompa visual é abolida." "Água Com Açúcar" é um candidato a se transformar neste projeto. Depois desta temporada, ele pretende investir na trilha sonora e aprimorar o texto. A atriz Isa Kopelman estava distante dos palcos há quase dez anos. Estudou com Robert Foreman nos EUA e participou do grupo de teatro experimental Woolster Group Company. Em "Água Com Açúcar" ela interpreta uma mulher enlutada que se questiona sobre a violência, culpa e castigo. "Sua personagem tem a função de liberar o indivíduo, porque todo questionamento é o caminho para a liberdade", diz Naum. Peça: Água Com Açúcar De: Naum Alves de Souza Com: Isa Kopelman Onde: Teatro Cultura Inglesa (r. Deputado Lacerda Franco, 333, tel. 814-0100, Pinheiros, região oeste) Quando: segunda e terça às 20h30 Quanto: R$ 12,00 e R$ 6,00 (estudantes) Texto Anterior: cinco; net notas Próximo Texto: Nem sempre é preciso ter calma Índice |
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