São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 1995
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Vigilância proíbe 75 antidiarréicos

ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário nacional da Vigilância Sanitária, Elisaldo Carlini, divulgou ontem uma relação de 75 medicamentos contra diarréia que serão retirados do mercado a partir de hoje.
Uma portaria publicada no dia 14 de setembro do ano passado determinou a retirada dos antidiarréicos do mercado num prazo de 180 dias, que expira hoje.
Duas indústrias conseguiram mandado de segurança cancelando a proibição de seus produtos. A Merck, indústria farmacêutica carioca, teve a comercialização do remédio Floratil liberado.
A indústria Brasileira de Medicamentos também teve a comercialização de seu Elixir Paregórico liberada.
Segundo documento do Ministério da Saúde, todos os medicamentos que constam da lista são ineficazes ou trazem efeitos colaterais prejudiciais à saúde.
"Existem casos, não documentados, de crianças que entraram em coma ou morreram após tomarem estes medicamentos", afirmou o secretário.
Carlini disse que desde o início da década existem estudos científicos que indicam a ineficácia dos antidiarréicos no tratamento dos problemas intestinais.
Segundo o médico pediatra Mário Santoro Júnior, presidente da comissão que analisou os medicamentos, 95% das crianças com diarréia não precisam de remédios.
"A cura se dá em dois dias no máximo apenas com hidratação, através do soro caseiro, e de alimentação adequada. Para crianças em fase de amamentação, o leite materno é o melhor remédio."
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, ocorrem por ano cerca de 5 milhões de mortes provocadas por diarréia.
Os centros de vigilância sanitária de cada Estado ficarão responsáveis pelo recolhimento dos medicamentos. Os remédios poderão ser inutilizados.

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