São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 1995 |
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Juros disparam e Bolsa cai 51% este mês
RODNEY VERGILI
O governo anunciou para hoje também uma alternativa para as instituições preocupadas com a aceleração das cotações do dólar. O Banco Central anunciou a realização de leilão de NTNs (Notas do Tesouro Nacional) com correção cambial de três meses de prazo e volume de R$ 1,03 bilhão. Haverá outro leilão de NTNs cambiais de prazo de quatro meses e volume de R$ 1,05 bilhão. O governo procura assim demonstrar que não vai haver variações expressivas no câmbio no período, pois está disposto a pagar o custo da evolução do dólar. Dirigentes financeiros estão entendendo que a forma de condução da política cambial está confusa, uma vez que está ampliando as incertezas. Os dados do Banco Central também não são animadores. No dia 8 último, as importações superaram as exportações e as saídas financeiras estão aceleradas e superando as entradas. O saldo acumulado total (comercial e financeiro) estava negativo em US$ 564 milhões no último dia 8. O mercado do dólar no paralelo chegou ontem a desgarrar-se do comercial e apresentou ágio, pela primeira vez desde 19 de janeiro. A cotação do paralelo chegou a atingir R$ 0,903, recuando para R$ 0,900 no fechamento. A cotação do dólar no mercado futuro chegou a R$ 1,021 para junho de 95. Parte do dinheiro que está rumando para o exterior está saindo das Bolsas de Valores. O índice da Bolsa paulista registrou ontem baixa de 9,52%, acumulando baixa na semana de 28% e queda acumulada de 51% no ano. Desde 30 de setembro, o índice Bovespa já acumula baixa de 61%. As Bolsas intranquilizaram-se com notícias dos mercados emergentes, a expectativa de inflação e os juros em alta. Pelo segundo dia consecutivo, nenhuma ação que compõe o índice Bovespa (Bolsa paulista) apresentou alta ontem. As Bolsas caíram e os juros dispararam. As taxas de juros dos CDBs prefixados aceleraram-se, demonstrando expectativas pessimistas de subida da inflação. Os juros dos CDBs deveriam estar ontem em 54,87% ao ano em termos de prazos equivalentes de 32 dias. Ontem, a média diária dos CDBs saltou para 58,20% ao ano. As expectativas de juros para este mês no mercado futuro explodiram de 3,59% no dia anterior para 4,43% ontem. JUROS Curto prazo Os cinco maiores fundões renderam, em média, 0,112%. Segundo a Andima, a taxa do over ficou, em média, em 4,14% ao mês, projetando 3,22% no mês. No mercado de Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), as taxas de juros ficaram, em média, a 4,26% ao mês, projetando 3,31% no mês. As cadernetas que vencem hoje rendem 2,1658%. CDBs prefixados de 32 dias negociados ontem: entre 34,0% e 58,0% ao ano. CDBs pós-fixados de 153 dias: 14% a 15% ao ano mais a variação da TR. Empréstimos Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: a taxa média foi de 5,16% ao mês, projetando rentabilidade de 4,04% no mês. Para 32 dias (capital de giro): de 69% a 126% brutos ao ano. No exterior Prime rate: 9%. Libor: 6,44%. AÇÕES Bolsas São Paulo: queda de 9,52%, fechando com 21.382 pontos e volume financeiro de R$ 190,44 milhões. Rio: baixa de 7,3%, encerrando a 10.647 pontos e movimentando R$ 13,72 milhões. Bolsas no exterior Londres: o índice Financial Times encerrou a 2.288,70 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou a 16.763,08 pontos. DÓLAR E OURO Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,888 (compra) e R$ 0,889 (venda). No dia anterior, segundo o Banco Central, o dólar comercial fechou a R$ 0,890 (compra) e R$ 0,900 (venda). "Black": R$ 0,890 (compra) e R$ 0,900 (venda). "Black" cabo: R$ 0,895 (compra) e R$ 0,900 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,855 (compra) e R$ 0,895 (venda), segundo o Banco do Brasil. Ouro: alta de 0,92%, fechando a R$ 11,02 o grama na BM&F. No exterior Segundo a "UPI", em Londres a libra fechou cotada a US$ 1,6175. Em Frankfurt o dólar foi cotado a 1,3895 marco alemão. Em Tóquio, o dólar fechou cotado a 91,95 ienes. Em Nova York a onça-troy (31,104 gramas) do ouro fechou a US$ 381,10. FUTUROS No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para março fechou a 4,43% e para abril a 4,71% no mês. No mercado futuro do índice Bovespa, a cotação para abril ficou a 21.000 pontos, com queda de 11,76%. No mercado futuro de dólar, a moeda norte-americana para março fechou a R$ 0,920 e a R$ 0,950 para abril. Texto Anterior: Congresso chama BC para explicar as denúnicas Próximo Texto: Brasil expõe temor de crise sem precedentes Índice |
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