São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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BC acalma mercado e juros sobem

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central editou ontem um novo pacote cambial para tentar acalmar os mercados financeiros e controlar a forte procura por dólares desta semana.
O dia foi bem mais tranquilo no mercado de câmbio, que esteve extremamente nervoso até ontem. Os juros e as Bolsas dispararam.
Foram definidos novos limites para o dólar e anunciado um conjunto de medidas para conter a especulação e a fuga de capitais. Uma nova banda cambial foi fixada, aumentando o valor mínimo para as cotações.
Em complemento, elevou os juros e promoveu um megaleilão de títulos indexados à variação do dólar. Como resultado, ficou preferível para os bancos comprar os papéis a acumular dólares, que passaram a ser recomprados pelo BC.
O governo passa a trabalhar, a partir de agora, com novas e definitivas bandas para o dólar: piso de R$ 0,88 e teto de R$ 0,93. "O BC está se comprometendo a manter essa banda por muito, muito tempo", disse o presidente do órgão, Pérsio Arida.
Pela política cambial anunciada na segunda-feira, os limites seriam de R$ 0,86 e R$ 0,90. O teto mudaria em maio para R$ 0,98.
Os bancos, porém, vinham apostando que o BC não conseguiria segurar os limites e passaram a comprar grande volume de dólar.
A medida mais forte para cortar tal movimento foi a redução, de US$ 50 milhões para US$ 5 milhões, do volume de dólares que os bancos podem manter em seu poder. O restante terá que ser depositado no BC, a juros baixos.
Para um banco, o prejuízo em manter grande volume de dólares em seu poder é ainda maior diante da alta dos juros —que favorece aplicações financeiras em real— e da oferta de US$ 12,08 bilhões em títulos atrelados ao dólar.
O pacote eliminou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre empréstimos externos e investimentos externos nas Bolsas, que era de 7% e 1%.
Além disso, caiu de 9% para 5% o IOF sobre as aplicações em fundo de renda fixa para capital estrangeiro.
As empresas brasileiras foram proibidas de pagar antecipadamente dívidas em dólar e financiamentos à importação.
A captação de dólares no exterior através de bancos e emissão de papéis privados ganharam prazos mínimos mais curtos, o que facilita as transações.
As medidas foram fechadas na noite de anteontem, em reunião no BC com praticamente toda a equipe econômica do governo. Também estiveram presentes os ministros Pedro Malan (Fazenda), José Serra (Planejamento) e Clóvis Carvalho (Casa Civil).

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