São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Inflação acelera com pacote mexicano

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

Segundo dados do Banco do México, a inflação mexicana acumulada no primeiro bimestre de 95 foi de 8,16%, x. Essa taxa supera a inflação acumulada durante todos os 12 meses de 94, que foi de 7,1%.
Em fevereiro, a taxa foi de 4,2%. O crescimento foi de 740% com relação à taxa de fevereiro do ano passado, 0,5%.
Caso continue em patamar superior a 4%, a taxa anual deste ano superará os 60%. No entanto, a previsão do governo é de uma taxa igual a 42% para 1995.
Ainda segundo o Banco do México, a cesta básica subiu 1,4% em fevereiro.
O pacote anunciado anteontem pelo governo mexicano traz perspectivas recessivas para o país.
Tanto no caso dos combustíveis como no caso da energia elétrica e gás, o aumento acumulado dos 12 meses será bem maior que os 35% e 20% em vigor desde ontem.
Somando-se a alta de 1,6%, que esses insumos tiveram no primeiro bimestre, e o aumento de 8,3% ocorrido no início de março, o aumento acumulado para os combustíveis será de 48,5% e para energia e gás, de 32%.
Frente a uma previsão de 42% de inflação anual, o governo propõe aumento de 10% no salário mínimo a partir de abril e benefícios fiscais de 3% para trabalhadores que ganhem entre dois e quatro salários mínimos.
Certamente haverá pressões por parte dos trabalhadores quando os aumentos de preços começarem a ser sentidos de forma mais real.
O governo acredita, porém, que a restritiva política monetária do Banco Central mexicano será uma eficiente âncora para evitar a espiral inflacionária e recuperar a estabilidade cambial.
Segundo o ministro da Fazenda, Guillermo Ortiz, a principal saída para a crise mexicana consiste em reduzir o déficit em conta corrente, igual a 8% do PIB em 94.
Para tanto, o governo pretende aumentar seu superávit fiscal, que foi de 2,3% no ano passado, para 4,4% em 1995. Anunciou redução de gastos administrativos e revisão do atual programa de subsídios.
Visando a um aumento da arrecadação, vai propor ao Congresso incremento de 50% no IVA (Imposto sobre Valor Agregado), medida que provocou queixas por parte dos empresários.
Anunciou ainda o aumento de preço dos combustíveis, energia elétrica, gás e outras tarifas públicas (veja quadro ao lado).
Ortiz espera assim reduzir o déficit em conta corrente de US$ 29,4 bilhões no ano passado para US$ 2 bilhões em 1995.
Para atenuar os efeitos recessivos do pacote, o Ministério do Comércio deve apresentar nos próximos dias um conjunto de medidas que visa facilitar a abertura de micro e pequenas empresas. Ortiz corroborou o pacote específico de ajuda a empresas e bancos, já anunciado há duas semanas.
Foi criada a UDI (Unidade de Inversão) através da qual ficam indexadas as dívidas e créditos das empresas à inflação. E coloca-se em operação um sistema de créditos à pequenas e médias empresas no valor de US$ 10 bilhões, com pagamento em até 12 anos.
O governo destinará ainda US$ 115 milhões para um programa de ação social que visa criar 550 mil empregos em zonas rurais.
Ortiz finalizou seu pronunciamento dizendo que "o ajuste é muito duro para os mexicanos, mas se não fosse implantado, o país correria o risco da hiperinflação".

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