São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Silvio de Abreu lança novela dois em um

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Talvez para compensar o fôlego curto de "Pátria Minha", a Globo resolveu apostar na novela dois em um. "A Próxima Vítima", que estréia segunda-feira às 20h30 e leva a assinatura de Silvio de Abreu, esconde duas tramas com os mesmos personagens.
Uma das histórias é descaradamente folhetinesca. Segue a linha do novelão clássico, embora lembre às vezes uma cómedia italiana dos anos 40 e 50.
O protagonista se chama Marcelo Rossi, empresário charmoso e cínico que dirige o frigorífico da mulher, Francesca. Os atores José Wilker e Tereza Rachel interpretam o casal.
A elegante Francesca significa segurança financeira para Rossi, mas é estéril. O que não consegue de um lado, o empresário arranca de outro. Mantém um caso de 20 anos com a pizzaiola Ana Carvalho (Suzana Vieira), que lhe deu três filhos.
Todos —mulher, marido e amante— convivem harmoniosamente na Vila Trastevere, um lugarejo fictício da Mooca, tradicional bairro paulistano.
Surge um momento, porém, em que Francesca e Ana se rebelam, exigindo que Rossi opte por uma das duas. A escolha é difícil. Se ficar com Ana, o empresário perde as mordomias que Francesca lhe proporciona. Caso fique com a dona do frigorífico, tem que se afastar dos filhos.
As confusões em torno do triângulo amoroso sustentam a trama que Silvio de Abreu classifica de folhetinesca. Paralelamente, "A Próxima Vítima" vai contando uma história policial, de inspiração hitchcockiana.
Assassinatos misteriosos cruzam o caminho dos personagens. Um a um, quase todos os protagonistas do folhetim acabam morrendo de maneira violenta.
Não há, aparentemente, relação entre os crimes. Até que uma estudante de direito, Irene Ribeiro (Viviane Pasmanter), começa a ligar os fatos.
A história folhetinesca predomina nos primeiros 90 capítulos da novela. Depois, o enredo policial se impõe, uma vez que os assassinatos suprimem personagens fundamentais da trama anterior.
Silvio diz que, se quiser, o público pode seguir apenas as idas e vindas do triângulo amoroso. "Agora, caso queira acompanhar também a história policial, terá que prestar atenção nos mínimos detalhes. Vou avisando porque, em geral, as pessoas não vêem novelas com a mesma concentração que costumam reservar para filmes."
O caráter "esquizofrênico" de "A Próxima Vítima" se manifesta já na sinopse. O autor escreveu duas. Uma resume a história folhetinesca e é pública. Até a imprensa pode consultá-la.
A outra sintetiza a trama policial e é segredo de Estado. Revela quais personagens irão morrer, quem vai matá-los e por quê.
Só Silvio e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, vice-presidente de Operações da Globo, sabem as respostas. Nem mesmo o elenco e o diretor da novela, Jorge Fernando, puderam ler o texto.
"Quero preservar o suspense", explica o autor. "Antes de as gravações começarem, a produção e os atores se comprometeram a não contar nada do que os scripts for lhes revelando."
Ainda assim, há risco de as informações escaparem. "Neste caso, mudo tudo o que vazou", promete Silvio.

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