São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bomba mata 12 em mesquita no Paquistão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma bomba explodiu ontem numa mesquita xiita de Karachi (sul do Paquistão), matando pelo menos 12 pessoas, entre elas 5 crianças, e deixando 26 feridos.
Pouco depois irromperam tiroteios em Malir, distrito da cidade, após protestos de jovens xiitas nas ruas. Houve mais três mortos.
Na explosão, pedaços de cimento e lascas de vidro caíram sobre fiéis que saíam da sala de orações. Segundo a polícia, a bomba foi colocada num carro estacionado nas imediações.
Ninguém assumiu imediatamente o atentado.
"Por que o governo não deixa que nós mesmos nos protejamos?", gritavam jovens xiitas a cerca de cem metros da mesquita. Os manifestantes impediram que a polícia se aproximasse.
Manifestantes sunitas de turbante verde estavam entre os primeiros a resgatar as vítimas do atentado. No hospital Jinnah, a polícia olhava parada o movimento dos enfermeiros trazendo feridos.
Os choques entre as seitas xiita e sunita vem crescendo nos últimos meses no Paquistão. O número de vítimas da violência em Karachi já passa de 300 este ano. Só no último mês morreram 76 pessoas na cidade de 12 milhões de habitantes.
No dia 5 de fevereiro, houve um ataque a um posto de coleta de fundos para separatistas da Caxemira, com 11 mortos e 4 feridos.
No mesmo dia, 9 pessoas morreram fuziladas e outras 36 ficaram ferias em ataque à mesquita sunita de Babu Islam.
Homens armados mataram 20 fiéis xiitas em atentados duas mesquitas de Karachi em 25 de fevereiro passado. O líder de um grupo xiita paquistanês foi assassinado em Lahore (capital da província do Punjab).
Quarta-feira passada, dois funcionários do consulado dos EUA foram mortos numa emboscada quando se dirigiam a Karachi.
O governo dos EUA ofereceu US$ 2 milhões de recompensa pela captura dos assassinos.
A reputação da crescente violência em Karachi pode estragar os esforços da primeira-ministra, Benazir Bhutto, para atrair investimento privado ao Paquistão.
Para um líder xiita, a guerra entre as seitas pode se espalhar e queimar o país.
Ontem uma manifestação em Lahore reuniu cerca de mil sunitas pedindo o fim da violência.

Texto Anterior: França investiga uma "vidente" brasileira
Próximo Texto: EUA enviam investigadores
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.