São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Explosão deixa 60 feridos na Argélia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um carro-bomba explodiu ontem em um subúrbio de Argel, a capital da Argélia, deixando pelo menos 60 feridos, inclusive 8 crianças.
Segundo a agência de notícias oficial "APS", haveria no total 63 feridos no atentado.
A explosão, no reduto islâmico de Kouba, foi a segunda em menos de seis semanas. A anterior matou 42 pessoas e deixou quase 300 feridos. A bomba atingiu a frente de dois edifícios e carros estacionados.
Segundo pronunciamento à TV do primeiro-ministro, Mokdad Sifi, a maior parte dos mortos era de familiares de policiais.
O premiê denunciou o que chamou de atos criminosos que têm como alvo o povo e células fundamentais da sociedade. Segundo ele, apenas quatro feridos ainda não haviam deixado o hospital.
'As pessoas ainda estavam dormindo em seus quartos", disse um morador. A explosão atingiu sobretudo cozinhas e salas, localizadas na frente dos imóveis.
"Por isso aparentemente não houve mortos", afirmou.
Kouba tem sido um dos maiores centros dos choques entre fundamentalistas islâmicos e as forças de segurança, depois que o governo anulou eleições vencidas pela FIS (Frente Islâmica de Salvação) em janeiro de 1992.
Os líderes da FIS, Abassi Madani e Ali Behadj, estão presos por suspeito envolvimento em diversos atentados.
Bombas explodiam alternadamente e Kouba e na cidade dormitório de Bab El Oued a cada sexta-feira, dia de descanso dos muçulmanos.
No último dia 30 de janeiro, pelo menos 42 pessoas morreram no centro de Argel, com a explosão de carro-bomba que deixou maior saldo de vítimas no conflito.
A explosão visava quartéis policiais localizados próximos a um centro comercial.
O atentado foi assumido pelo GIA (Grupo Islâmico Armado), conhecido como a mais forte organização armada islâmica.
Em comunicado emitido ontem, o grupo estabelecia a sexta-feira como prazo final para as autoridades libertarem todas as muçulmanas presas.
O GIA também fez ameaças de ataques a policiais femininas, caso não fossem libertadas as mulheres muçulmanas presas. O comunicado foi assinado pelo líder do grupo, Abu Abderraman Amin.
Estima-se que desde 1992 já houve cerca de 30 mil mortos no conflito argelino.

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