São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Imposto único global; Enchentes em São Paulo; "Estratégia neoliberal"; Operação Faria Lima; Saúde não é prioridade; Sangues raros; Túnel no fim da luz; Artigos de Jabor; Prioridade; Quem tem razão?

Imposto único global
"Reporto-me à matéria 'Países mais ricos debaterão IPMF global', publicada em sua edição de 7/03, na qual o insigne jornalista Clóvis Rossi noticia a intenção da ONU, ventilada na Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Social ora em curso na capital da Dinamarca, de taxar a movimentação de divisas, não só para arrecadar fundos a serem alocados no combate à pobreza, mas, também, como forma de inibir especulação financeira em escala planetária. A propósito, gostaria de observar que somente a natureza moderna, segura e eficaz desse imposto, seu baixo custo de arrecadação e administração, aliada à sua bem-sucedida prática no Brasil, poderia credenciá-lo a ser examinado e debatido por organismos internacionais, em iniciativa dessa magnitude. Além disso, lembrar que o Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF), adotado em circunstâncias de emergência orçamentária em nosso país, embora tenha servido, exitosamente, ao objetivo de elevar a arrecadação federal, constitui uma derivação caricata de nossa proposta de implantação do imposto único. Os seus críticos, às vezes hostis, dentro de segmentos interessados do governo, esqueceram as impropriedades que nela apontavam, quando perceberam que, mesmo deturpada, poderia —como, de fato pôde— servir às suas conveniências fiscais e políticas."
Marcos Cintra, economista e vereador pelo PL (São Paulo, SP)

Enchentes em São Paulo
"As afirmações do prefeito Paulo Maluf, em artigo na Folha de 5/03, omitem fatos importantes com relação a abordagem das enchentes em São Paulo. As atividades não podem se limitar apenas a execução de obras. Mesmo em relação especificamente a obras, da relação citada no referido artigo (canalizações dos córregos do Morro do S, Ipiranga, Zavuvus, Jaguaré, Uberaba/Uberabinha, Monguaguá) todas foram desenvolvidas e deixadas num estágio avançado de execução no governo de Luiza Erundina. A problemática das enchentes exige em nível municipal, entre outras medidas, a fiscalização de áreas de risco, o controle de movimentos de terra, um programa moderno de defesa civil, negligenciados na atual administração. É fundamental promover ações com municípios vizinhos e com o governo do Estado para um encaminhamento correto da questão. Todas essas iniciativas, que faziam parte do programa de combate às enchentes, foram desprezadas."
Delmar Mattes, geólogo e ex-secretário de Vias Públicas da administração Luiza Erundina (São Paulo, SP)

"Estratégia neoliberal"
"Gostaríamos de ter o direito de esclarecer que o jornalista Gilberto Dimenstein, ao comentar em seu artigo 'Pacto da mediocridade' a nossa carta publicada parcialmente no Painel do Leitor do dia 3/03, centrou a análise em questões periféricas à temática, fazendo inclusive críticas ao corporativismo institucional, que na oportunidade observamos a necessidade de ser combatido. Esclarecemos que nossa intenção central foi a de demonstrar que determinados articulistas saem em defesa de argumentos 'produzidos' com o intuito de atacarem instituições de forma indiscriminada, algumas das quais, como as universidades federais, merecem respeito e credibilidade popular. O que pretendemos foi mostrar que por trás de uma 'intenção' há sempre uma estratégia ideológica, que com relação ao assunto, voltamos a insistir, de cunho neoliberal. Enfim, parece existir uma estratégia para diluir a essência, resgatando a aparência. O Estado tem utilizado inclusive de estatísticas que não parecem confiáveis, caso da relação custo do aluno/universidade."
Valter Casseti, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás (Goiânia, GO)

Operação Faria Lima
"A respeito do texto 'Acordo divide o PT e abre crise na bancada', publicado em 9/03 no caderno Cotidiano, sobre a aprovação da Operação Urbana Faria Lima, venho informar: a bancada do PT reuniu-se com representante da executiva municipal do PT, com técnicos do partido na área de urbanismo e com o Movimento Vila Olímpia Viva. Após ouvir as explanações do movimento, foi deliberado por consenso o apoio ao projeto aprovado."
Odilon Guedes, líder da bancada do PT na Câmara Municipal de São Paulo (São Paulo, SP)

Saúde não é prioridade
"O artigo do ministro da Saúde, Adib Jatene, 'Cobrança por fora' (3/03) oferece um diagnóstico elucidativo. Não menciona, porém, a retração progressiva dos gastos federais em saúde ocorrida nos últimos anos, revelando a absoluta falta de prioridade para o setor. Antes que o usuário passe a pagar pelos serviços, é preciso que o governo federal faça a sua parte, elevando o gasto 'per capita' em saúde pelo menos aos níveis praticados em países tão pobres quanto o Brasil."
Alexandre Nemes Filho (São Paulo, SP)

Sangues raros
"Parabéns à Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo por haver noticiado com grande alarde na imprensa a criação da 'Roda', o Banco de Sangue Raro. É pena que os seus criadores tivessem esquecido que sangues raros já são realidade em vários hospitais (Sírio Libanês, Albert Einstein) e hemocentros (Unicamp, Rio) e talvez outros serviços que tenhamos por ventura esquecido de mencionar."
Silvano Wendel, secretário-geral da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (São Paulo, SP)

Túnel no fim da luz
"Na coluna de 5/03, Janio de Freitas comenta a pretensão da ministra Dorothéa em taxar os carros velhos com impostos mais altos que os carros novos. Se nos alongarmos em divagação e analogias da medida, veremos que a brilhante idéia da ministra é em resumo a solução para o fim da pobreza no Brasil. As prefeituras cobrariam IPTU mais elevados para os casebres, seria o fim das favelas que proliferam Brasil afora. A Receita Federal cobraria mais imposto sobre os menores salários, o que obrigaria a se trabalhar mais e a se pagar maiores salários. A se continuar pensando assim, encontraremos o túnel no fim da luz..."
Jairo Pessoa Guimarães (Tubarão, SC)

Artigos de Jabor
"Ninguém pode deixar de reconhecer ao sr. Arnaldo Jabor o direito de espernear, quando se sente atacado por ter tucanado e andar (a)tucanando. De uma coisa, no entanto, ele pode ter certeza: tucanar, ao invés de aumentar sua lucidez, diminuiu-a sensivelmente. O prazer de ler seus textos diminuiu. Pode-se dizer que estão quase brochantes. E ele pode ter outra certeza (além das novas que adquiriu): suas análises atuais são bem mais simples que as que fazia quando era de esquerda, por mais que continue dizendo que continua de esquerda e que é a esquerda que pensa que as coisas são simples. Simples é a direita: abocanha os lucros e privatiza os prejuízos."
Sírio Possenti (Campinas, SP)

"Faço um apelo para que Arnaldo Jabor deixe de responder aos artigos-provocação de Fernando Barros. Nem é necessário ser fã de Arnaldo Jabor para saber que seu texto é construído sobre alicerces múltiplos. Há uma fragmentação de idéias e imagens que torna os artigos sistêmicos. Considero que responder a esse tipo de crítica é insistir num exercício vão: oferecer complexidade, nuance e ironia a um olhar tendencioso, que busca subsídios para sua crítica apriorística."
Marcella Faria de Almeida Prado (São Paulo, SP)

Prioridade
"Solicito que a Folha incorpore como prioridade na reforma constitucional a defesa da democratização dos meios de comunicação."
Marcio Zequi de Oliveira (Avaré, SP)

Quem tem razão?
"Quem estaria com a razão sobre Antônio Carlos Magalhães: Caetano Veloso ou Fernando Henrique?"
Mário José de Lima (Campinas, SP)

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