São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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Hemocentro de SP adota soro anti-Aids

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Anticorpos do HIV presentes no sangue de portadores do vírus estão ajudando doentes de Aids na Europa e nos Estados Unidos.
Dentro de um mês, a "imunoterapia passiva" —como é chamada a técnica— estará ao alcance dos pacientes no Brasil.
A Fundação Pró-Sangue-Hemocentro de São Paulo será a primeira instituição a oferecer a terapia.
No final de semana, Dalton Chamone, diretor-presidente da fundação, viajou para a Inglaterra e França para conhecer os centros que aplicam a imunoterapia.
Segundo Chamone, a terapia consiste em retirar o plasma de portadores do vírus que se encontram em boa saúde.
Médicos acreditam que o plasma, que é a parte líquida do sangue, contenha anticorpos que estariam impedindo a manifestação da doença.
O plasma desse portador "saudável" será colhido e todos os vírus destruídos. "Então esse plasma, com alto índice de anticorpos, será reinjetado em um doente de Aids", diz Chamone.
"Essa transferência melhora as condições gerais do paciente, traz bem-estar e diminui os custos", afirma o diretor-presidente da Fundação Pró-Sangue.
Para a entidade, a vantagem é ser o maior banco do país, com 20 mil doadores por mês.
Segundo Chamone, 0,3% dos que doam sangue estão com o HIV, o que significa 60 doadores por mês. Todo esse sangue será transformado em plasma.
Segundo Chamone, a "imunoterapia passiva" já foi aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration), organismo do governo norte-americano que controla alimentos e remédios.
Na Inglaterra, o professor Abraham Karpaz, da Universidade de Cambridge, vem empregando o método desde 1988. Em Londres, o grupo do professor Stephens Ash usa a terapia "com sucesso".
Na França, a equipe do professor Lefrère, do Hospital Saint-Antoine, de Paris, é conhecida no mundo todo por seus trabalhos com a imunoterapia.
"Em um mês devemos iniciar a aplicação da imunoterapia na Fundação Pró-Sangue", afirma Chamone.

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