São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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Levantamento busca 'aspecto social' da Aids

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo está começando a "escrever" a história social da Aids no país. O primeiro grupo de controle, criado em agosto, reúne 102 homossexuais e bissexuais masculinos (leia texto abaixo).
Trata-se de um estudo epidemiológico e comportamental que dirá de que forma e quantas pessoas pegam a doença.
Os particiantes vão ser acompanhados por três anos e não recebem medicamentos ou vacinas. São orientados e informados sobre como evitar a Aids e a cada seis meses passam por exames.
O Projeto Bela Vista, como o estudo foi batizado em São Paulo, está começando no Rio e em Belo Horizonte. A intenção é ter até mil voluntários em cidade.
Saber como a epidemia se comporta será fundamental para uma futura vacina. Por isso os estudos são coordenados por comitês estaduais e nacional de vacinas com a participação de ONGs, governos e a Organização Mundial da Saúde.
Segundo os comitês, os homossexuais foram escolhidos porque ainda são o grupo de maior risco.
Pouco se sabe sobre quantas pessoas se infectam e de que maneira elas pegam o vírus. Segundo estudos internacionais, que pesquisaram a população em geral, de 3% a 6% adquirem o HIV por ano.
"Entre os homossexuais jovens, essa porcentagem pode ser maior", diz a médica Maria Amélia Mascena Veras, coordenadora de campo do Projeto Bela Vista.
Como o grupo está sendo informado e acompanhado, espera-se índices menores. "O ideal é que seja zero", diz José da Rocha Carvalheiro, um dos pesquisadores.
Em países como os EUA —onde os grupos existem há oito anos—, sempre houve casos de infecção no acompanhamento.
(AB)
No Rio, os interessados em participar devem procurar a Fundação Osvaldo Cruz. Em Belo Horizonte, os centro de treinamento e referência (CRT) da prefeitura e UFMG. Em São Paulo, devem ligar para 259-7215, entre 17h e 21h.

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