São Paulo, terça-feira, 14 de março de 1995
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Faltam armazéns para a safra de arroz

CARLOS ALBERTO DE SOUZA; CARMEN BARCELLOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O Rio Grande do Sul começou a colher sua safra de arroz, que, no mínimo, deverá repetir o recorde de 4,8 milhões de t de 93.
A comemoração do desempenho da lavoura é prejudicada pela falta de espaço para a armazenagem do produto, plantado em 937 mil hectares, com produtividade média de 5.100 quilos por hectare.
A Conab-RS (Companhia Nacional de Abastecimento) tenta resolver o problema fazendo "credenciamentos emergenciais" de armazéns.
O órgão está dispensando exigências técnicas na aprovação de novos locais para armazenagem, o que preocupa os produtores.
Segundo o superintendente regional da Conab, Antônio Ávila, há estocadas no Estado 650 mil t de arroz, principalmente da safra 91/92. O produto já é considerado de "baixa qualidade".
A Conab pretende remover o máximo possível desse estoque para os armazéns credenciados em caráter emergencial, dos quais não são exigidos, por exemplo, condições de aeração e de controle da temperatura.
A remoção abriria espaço para abrigar o arroz da nova safra. Ávila propôs ao governo a venda e doação de parte desse estoque.
O presidente da Fearroz (Federação das Cooperativas de Arroz), André Barretto, diz que, apenas no âmbito da entidade, é preciso remover 120 mil t a fim de dar lugar à atual safra.
Com os credenciamentos emergenciais, a Conab quer aumentar entre 20% e 30% a capacidade de armazenagem do Estado, de 20 milhões de t.
"O problema é gravíssimo", diz o presidente da Fearroz, queconsidera "paliativa" a solução de credenciamento emergencial e teme que o caráter provisório da medida se torne permanente.
Nos armazéns desprovidos de condições técnicas apropriadas, o arroz estragaria, segundo Barretto.
O presidente da Fearroz diz que, devido à boa produção da Argentina e do Uruguai, haverá "pressão vendedora".
No Brasil, a saca de arroz de 50 quilos está sendo vendida entre US$ 7 e US$ 8 este mês.
Com o excesso de produto no mercado, gerado pelas importações, o preço está abaixo do custo de produção, estimado em R$ 10, sem considerar o custo financeiro.
O preço mínimo garantido pelo governo é de R$ 10,02.
Mas as importações deixaram de ser interessantes, após a determinação do governo federal de que o pagamento seja à vista.
"A medida é boa, mas não terá um efeito rápido para reduzir a oferta, porque o mercado já está abastecido de produto importado", diz Ricardo Alfonsin, da Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do RS).
Colaborou Carmen Barcellos, da Reportagem Local.

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