São Paulo, terça-feira, 14 de março de 1995
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Esca vai ganhar cerca de US$ 170 milhões

GUSTAVO KRIEGER; LUCAS FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A empresa brasileira Esca vai receber cerca de US$ 170 milhões para gerenciar o projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) e desenvolver os softwares de operação do projeto.
Como a montagem do Sivam vai demorar sete anos, a Esca vai receber em média US$ 24 milhões por ano. Este valor representa um aumento de 33% em seu faturamento anual. Em 1994, a empresa faturou cerca de US$ 75 milhões.
A Esca é uma empresa privada, mas é considerada "estratégica" pelo governo brasileiro, por causa dos contratos que tem com os ministérios militares.
"Na prática, a Esca é dona do software de controle de tráfego aéreo do Brasil" diz o brigadeiro Marcos Antônio de Oliveira, presidente da Comissão Coordenadora do Sivam. A Esca adquiriu esta tecnologia participando do projeto Cindacta, que controla o tráfego aéreo brasileiro.
A empresa foi contratada pelo governo brasileiro para absorver e armazenar a tecnologia do Cindacta, desenvolvida pela empresa francesa Thomson.
Com a operação do sistema, a Esca acabou dominando esta tecnologia. Hoje o governo depende da empresa para fazer qualquer alteração no sistema.
Algo semelhante vai acontecer com o Sivam. O governo contratou a Esca para desenvolver e armazenar a tecnologia de apuração.
Assim, a Esca acaba se tornando uma espécie de "banco de dados" tecnológico do governo.
Esta função deveria ser exercida pelo próprio governo, mas é transferida para uma empresa privada sob a alegação de que falta estrutura ao Estado brasileiro para guardar esta tecnologia.
"Não há hoje nenhum militar da Força Aérea com conhecimento suficiente dos programas de operação do Cindacta para fazer modificações profundas no sistema. Nestes casos, temos que recorrer à Esca", diz o brigadeiro Oliveira.
A Thomson tentou se associar à Esca antes da seleção das empresas. O governo fez um processo de seleção estabelecendo exigências de experiência em contratos com a área de defesa que só permitiam escolher a Esca.(Gustavo Krieger e Lucas Figueiredo)

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