São Paulo, terça-feira, 14 de março de 1995
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Salinas diz que está em viagem de negócios

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O ex-presidente do México, Carlos Salinas de Gortari, está em Nova York e diz que dos Estados Unidos vai viajar para outros países em viagem de negócios.
Os jornais "The Washington Post" e "The New York Times" noticiaram ontem que Salinas poderia fixar residência nos Estados Unidos numa espécie de exílio voluntário negociado entre ele e seu sucessor, Ernesto Zedillo.
O porta-voz da Casa Branca, Michal McCurry, disse que não tinha qualquer informação sobre esse possível exílio. Segundo ele, o visto de Salinas lhe permite ficar no país até seis meses, e o visto não havia sido alterado.
McCurry indicou que Salinas tem interesses na atividade acadêmica e poderia estar em busca de uma posição na Universidade Harvard, em Boston (Costa Leste do país), onde em 1978 obteve seu doutorado em economia.
O Departamento de Relações Públicas da Universidade Harvard disse ontem que não tinha qualquer informação sobre uma eventual contratação de Salinas para o seu corpo docente.
Salinas foi eleito em janeiro para a diretoria da Dow Jones, empresa que edita o diário "The Wall Street Journal".
Mas essa posição não é um emprego. A diretoria da Dow Jones se reúne de oito a nove vezes por ano. Seus diretores recebem um salário simbólico de US$ 25 mil anuais mais US$ 1.000 por reunião a que comparecem.
Segundo o Departamento de Relações Públicas da Dow Jones, Salinas compareceu às reuniões da diretoria de janeiro e fevereiro.
Salinas, 46, tem sido acusado por Zedillo de ser responsável pela crise econômica que estourou 20 dias após a sucessão presidencial.
O irmão de Salinas, Raúl, está preso no México, sob a acusação de ser autor intelectual do assassinato em 1994 de José Francisco Ruiz Massieu, então secretário-geral do partido do governo.
Salinas nega envolvimento na morte de Ruiz e acusa Zedillo pela crise econômica. Na semana retrasada, entrou em greve de fome para alardear sua inocência, mas a interrompeu em 36 horas.
No poder (1988-1994), Salinas foi saudado pelo governo dos EUA e pelos dirigentes das instituições financeiras multilaterais como um campeão das reformas econômicas no Terceiro Mundo.

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