São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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Ministros depõem na Câmara e deixam dúvidas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Comissão de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados começou ontem a investigar o contrato do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam).
A comissão ouviu os depoimentos dos ministros da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Ronaldo Sardenberg, e da Aeronáutica, Mauro Gandra.
Os ministros não souberam responder questionamentos do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).
Gabeira denunciou que a empresa Raytheon, que vai fornecer os equipamentos ao Sivam, foi processada pelo Departamento de Justiça dos EUA por suposta sonegação de informações e superfaturamento.
Os dois ministros disseram não ter conhecimento sobre o processo, o que foi considerado "grave" por Gabeira.
Quem respondeu ao verde foi o coordenador da comissão de implantação do Sivam, brigadeiro Marcos Antônio Oliveira, que acompanhava os depoimentos.
Oliveira afirmou que a Raytheon foi alvo de "uma auditoria", mas que o Senado dos EUA teria emitido um nada consta com relação à empresa.
"Se o projeto é de segurança nacional como afirma o governo, ele não poderia confiar numa simples carta do Senado americano, e, ao invés disso, teria que ter acionado seus órgãos de inteligência para conhecer o processo a fundo", disse Gabeira.
A empresa dos EUA foi escolhida sem licitação pelo governo Itamar Franco sob a alegação que se tratava de projeto de segurança nacional.
Durante quatro horas e meia de depoimentos, Sardenberg e Gandra defenderam o processo que levou à escolha da Raytheon e da empresa brasileira Esca, que irá desenvolver o programa de computador e armazenar as informações adquiridas pelo Sivam, orçado em US$ 1,4 bilhão.
O brigadeiro Oliveira afirmou que a SAE recebeu informações de que empresas controladas por narcotraficantes tentariam se credenciar a participar da concorrência do Sivam com o objetivo de pegar informações sobre o projeto.
Esta teria sido, segundo ele, uma das razões que levou o governo a desistir de promover uma licitação formal.
Hoje, o ex-chefe da SAE no governo Itamar Franco, Mário Cesar Flores, vai depor na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Gandra e Sardenberg devem prestar esclarecimentos também à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.

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