São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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ACM critica Judiciário e áulicos de FHC no Senado

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Luis Eduardo Magalhães (PFL-BA), começaram a articular a aprovação pelo Congresso de uma emenda constitucional que proíba o STF (Supremo Tribunal Federal) de interferir em questões internas do Legislativo.
O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), aliado de Sarney e pai de Luís Eduardo, estreou ontem na tribuna do Senado discursando contra o Judiciário. "O Judiciário se intromete a cada momento nesta Casa e não reagimos", afirmou.
ACM falou por 50 minutos, concedeu sete apartes e foi aplaudido pelo plenário. Aproveitou para mandar recados ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Disse que vai criticar FHC, "sempre que ele precisar de advertências".
"O presidente precisa ouvir os conselhos dos bons conselheiros e não ficar preso aos áulicos (cortesãos, palacianos), que nem sempre são bons conselheiros", disse.
Nas conversas, ACM tem defendido que a emenda seja proposta em momento mais oportuno. Ele prevê que pode ocorrer um choque entre os dois Poderes.
No discurso, ACM criticou o ministro Neri da Silveira, do STF. "Há quatro anos, o ministro Neri tem em mãos um agravo de interesse da Nordeste Linhas Aéreas e não julga", disse.
O senador afirmou que existe mais nepotismo no Judiciário do que no Legislativo, que há juízes corruptos e que eles não são punidos. Para ele, o Judiciário tem que sofrer controle externo.
O senador condenou o fato de os ministros de tribunais serem vitalícios porque isso gera "regalias e leva o juiz a não julgar". Disse que não há condenação para os ricos e os responsáveis por crimes contra o erário
O senador criticou o Estatuto dos Advogados. O senador Bernardo Cabral (PP-AM),pediu aparte para defendê-lo. "Bernardo Cabral falou como advogado. Temos de pensar no povo e não nos clientes", respondeu FHC.

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