São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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Reitores criticam teste pós-faculdade

DA REPORTAGEM LOCAL

Reitores das universidades federais e estaduais criticaram ontem a medida provisória (MP) sobre educação que será publicada nos próximos dias no "Diário Oficial".
A MP cria um exame obrigatório a ser aplicado, já este ano, a todos os estudantes que completarem faculdades de direito, engenharia e cursos de saúde (medicina e odontologia, por exemplo).
"Esse instrumento não vai resultar na melhoria da qualidade do ensino", afirmou José Martins Filho, reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Segundo a medida provisória, apesar de o exame ser obrigatório, os estudantes poderão exercer a profissão mesmo que tirem nota zero. O objetivo da MP, segundo o Ministério da Educação, é avaliar apenas as escolas.
"É um equívoco. As escolas precisam sofrer uma avaliação rigorosa, mas esse não é o instrumento mais adequado", disse o reitor da Universidade Federal do Paraná, José Henrique de Faria.
"Há maneiras mais eficientes de se medir o conhecimento dos estudantes e a eficiência das escolas do que um único exame", disse Henrique de Faria.
Para o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), Hélgio Trindade, "esse é um assunto que precisaria ser melhor discutido com a sociedade".
Segundo o Ministério da Educação, nos próximos anos o exame será estendido aos alunos de todos os cursos superiores, além dos citados na medida provisória.
Além de criar o exame, a MP determina que, na eleição dos reitores, o voto dos professores precisa valer pelo menos 70% do total, o que diminui o peso dos funcionários e alunos nas eleições. Hoje, em muitas universidades, o voto dos três segmentos têm o mesmo peso. A MP recria também o Conselho Federal de Educação.
Os reitores das universidades federais entregaram anteontem ao ministro Paulo Renato Souza (Educação) um documento em criticam o uso de medida provisória para "implementação de importantes alterações na estrutura do ensino superior do país".
Ontem, eles estiveram reunidos em São Paulo, na Escola Paulista de Medicina, num encontro sobre hospitais universitários.
O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Dionário Queiroz, disse à Folha que "todos esses são assuntos decisivos para a universidade e, portanto, precisariam ser discutidos com mais cuidado e com a participação da sociedade". "A MP significa um ato de arbítrio".
Para o reitor da Universidade Federal da Bahia, Felipe Serpa, a medida "atinge a autonomia universitária". "Por que usar esse instrumento para tratar de um assunto tão importante?", perguntou o reitor da Universidade Federal de Minas, Tomaz Aroldo Santo.

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