São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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Aluguéis novos sobem menos em São Paulo

GRAZIELE DO VAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O valor inicial dos aluguéis residenciais subiu menos em fevereiro em São Paulo e a oferta de imóveis cresceu. Segundo levantamento feito pela Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios), os preços aumentaram em média 2%, contra uma alta de 8% no mês anterior.
No mesmo período, o número de apartamentos e casas disponíveis para locação saltou de 3.500 unidades para 3.800.
"Como o mercado é sazonal, a procura já diminuiu e os preços devem ficar estáveis ao longo do ano, acompanhando a variação do IPC-r", diz Sérgio Luiz Abrantes Lembi, 37, vice-presidente de locação do Secovi.
Segundo ele, no início do Plano Real o total de imóveis para alugar em São Paulo girava em torno de 2.000 unidades.
"A oferta tende a ser ainda maior, à medida que as construtoras forem entregando os apartamentos comprados no segundo semestre de 92", afirma José Roberto Graiche, presidente da Aabic.
Na opinião do diretor jurídico do Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), Márcio Bueno, 46, os inquilinos estão pensando duas vezes antes de assinar um contrato de locação porque os valores dos aluguéis se aproximaram muito do das prestações de compra.
"As prestações cobradas pelas construtoras estão em torno de 1% do valor de venda. Os aluguéis variam entre 0,5% e 1,2% do preço do imóvel. Então, quem tem uma reserva prefere comprar", diz.
Para Hubbert Gebara, se as empresas continuarem lançando no mesmo ritmo e a econômica permanecer estável, os valores dos aluguéis podem ficar até abaixo da inflação no segundo semestre.
"Os preços perderam fôlego porque atingiram um patamar que os inquilinos não têm condições de pagar. Por outro lado, a estabilidade econômica aqueceu as vendas do setor e trouxe de volta uma figura até então extinta no mercado: o investidor", diz Gebara.
Segundo ele, 30% dos apartamentos de cada prédio lançado em 75 eram adquiridos por investidores. Esse percentual caiu a zero, entre 85 e 90, e agora é 10%.
"Alugar voltou a ser um bom negócio, com a inflação sob controle. Antes, o proprietário perdia 45% do valor de locação em um único mês", afirma Graiche.
José D'Ávila, 43, da Bolsa de Imóveis, também acredita em uma queda dos valores porque estão alavancados demais. "Agora os preços devem se adequar ao mercado, senão os imóveis ficam em oferta por muito tempo", diz.
A gerente de locação da imobiliária J. Bogoricin, Telma Céli de Souza, 36, concorda que a oferta de apartamentos disponíveis no mercado aumentou, mas afirma que a procura continua aquecida.
"O desempenho de fevereiro foi melhor do que o esperado. Um imóvel com preço de mercado demora em média três dias para ser alugado", diz.

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