São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995![]() |
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US$ 2,8 bi saem do país em março
GUSTAVO PATÚ
A saída de dólares é resultado de uma fuga de US$ 3,060 bilhões em capital financeiro —Bolsas de valores, aplicações e pagamentos de empréstimos—, enquanto as operações comerciais geraram entrada de US$ 233,7 milhões. Mantida esse ritmo, a saída de capital do país chegará a US$ 6 bilhões no final do mês, enquanto o recorde anterior, de março de 1990, não chega a US$ 2 bilhões. A perda acelerada de dólares se tornou a principal preocupação da equipe do ministro Pedro Malan (Fazenda). O mesmo fenômeno gerou a crise no México, que estourou em dezembro, e na Argentina, hoje em processo de perda de reservas cambiais. Segundo dados do Banco Central, somente este ano US$ 4,433 bilhões deixaram o país, com impacto certo sobre as reservas. Hoje, na avaliação de operadores do mercado financeiro, as reservas podem estar abaixo dos US$ 30 bilhões —elas ultrapassavam US$ 42 bilhões há seis meses e estavam em US$ 43 bilhões quando o Plano Real foi lançado, em julho do ano passado. Para evitar a sangria de dólares, o governo estimulou as exportações em janeiro com o fim do recolhimento compulsório ao de 15% do valor dos ACCs (Adiantamentos de Contrato de Câmbio, instrumento de financiamento às exportações). Na semana passada, o desvalorizou o real em relação ao dólar. De R$ 0,84 até fevereiro, o dólar passou a ter um piso de R$ 0,88. Além disso, o BC tomou medidas para conter a fuga de capital —alta dos juros e redução de impostos sobre capital estrangeiro. As medidas anunciadas ontem pelo governo na área do câmbio têm o mesmo objetivo: reduzir as importações e melhorar os saldos comerciais do país. Os resultados não são animadores. O governo já se prepara para anunciar um déficit comercial em torno de US$ 1 bilhão em fevereiro. Desde novembro não há superávit comercial. Texto Anterior: A volta do cartório do café Próximo Texto: FHC ataca especulação; Aristides vai ouvir Arida Índice |
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