São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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México sem crise para turistas

ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE
NO MÉXICO

Se você, turista, tivesse chegado no México no começo de janeiro teria se espantado com um fenômeno interessantíssimo. Teria desembarcado em um país em que o produto per capita seria de US$ 3.470, 27% maior que o brasileiro, e a partir de duas ou três semanas depois notaria que o produto per capita daquele maravilhoso país teria sido reduzido em 40%, passando a ser sensivelmente inferior ao brasileiro.
Esta mudança, que seria considerada uma catástrofe por economistas e administradores, mal foi sentida pela população. Carros fabricados no México tiveram uma majoração de preço de 12%. Produtos importados consumidos pela burguesia, é claro, ficaram muito mais caros, mas a tortilla, o milho, a tequila etc. não tiveram seus preços majorados.
Para turistas foi uma panacéia. O dólar que comprava 3,4 pesos passou a comprar no varejo 4,8. Ou seja, houve um ganho de 40%. Mas o povo continuou quase tão rico ou quase tão pobre quanto antes. Como se vê, esses índices inventados pelos economistas não enchem a barriga do povo. Só do turista.
Esta súbita valorização do dólar, entretanto, não é a única, e nem mesmo a mais significativa das razões para a nossa insistência para que o turista brasileiro visite o México. E, veja bem, embora seja uma maravilha, Cancún não é o México.
Há várias razões para que o México se torne uma das preferências turísticas, não somente brasileira, mas universal. Em primeiro lugar, não há concentração maior de culturas distintas em um mesmo espaço geográfico e com tão vasto e rico legado material.
Em segundo lugar, não há, no mundo, nem mesmo na Grécia, uma diversidade tão grande de estímulos intelectuais e naturais sobrepostos.
Por exemplo, ao lado da superposição de culturas pré-colombianas de Monte Albán (zapoteca, mixteca etc.) encontramos a maravilhosa arquitetura colonial espanhola da cidade de Oaxaca, as 15 ou 20 nações índias atuais do Estado de Oaxaca, com suas línguas, costumes e trajes originais, além da costa, com suas praias e suas belezas naturais. É como se realizássemos meia dúzia de excursões turísticas simultaneamente, e pelo preço de uma.
Terceiro, o mexicano, seja ele o índio, seja o mestiço ou o descendente europeu, é sempre muito hospitaleiro. É honesto e não-agressivo com turistas. Preços são sempre acessíveis. Hotéis custam hoje a metade de seus equivalentes no Brasil. Refeições saem por um terço, nos grandes centros, e um quarto em cidades menores. Táxis estão também a um terço do seu preço no Brasil. E mais ainda, os motoristas de táxi são afáveis e honestos. Não é um paraíso?

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Sobre o México nas págs. 6-2 a 6-10.

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