São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995
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Itamar aceita ser embaixador em Portugal

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente Itamar Franco aceitou o convite para ser o embaixador do Brasil em Portugal. Segundo o porta-voz do Palácio do Planalto, Sérgio Amaral, o presidente Fernando Henrique Cardoso "fez um apelo" para que Itamar aceitasse a "missão honrosa".
O governo brasileiro já encaminhou o "agrément" (consulta reservada sobre a aceitação do nome) ao governo português. Assim que for concedido, a indicação será encaminhada ao Senado, onde será submetida a votação.
Ontem pela manhã, o ex-presidente manifestou temor de enfrentar resistências do Senado à aprovação de seu nome para a embaixada em Portugal.
Depois do primeiro encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso, desde a transmissão do cargo, ele disse que a sua nomeação não depende só de FHC.
Itamar não quis revelar sua decisão, mas deixou a impressão de que aceitara a convite. "Não posso falar nada antes do anúncio", disse. "Se houver a indicação, a ida a Portugal não depende da minha vontade ou da vontade exclusiva do Executivo. Terá de ser submetida ao Congresso Nacional, particularmente ao Senado".
A Comissão de Relações Exteriores do Senado precisa sabatinar e aprovar o nome de cada embaixador. Itamar disse não ter a prerrogativa de ex-presidente para a dispensa da sabatina.
Na próxima semana, os dois voltam a conversar, segundo Itamar. Antes do encontro de ontem, Fernando Henrique disse que seria "uma grande alegria" se seu antecessor aceitasse o convite.
FHC também afirmou que quer prosseguir o trabalho de integração da comunidade de língua portuguesa, iniciado pelo ex-embaixador José Aparecido.
Itamar fez questão de entrar no Palácio do Planalto pelo térreo, quebrando orientação do Cerimonial do Planlato para que entrasse pela garagem do prédio, à qual os jornalistas não têm acesso.
Fernando Henrique desceu do seu gabinete, no terceiro andar, para receber seu antecessor no estacionamento. Percorreu ao lado de Itamar 80 metros entre o estacionamento e o elevador privativo e lamentou o tumulto criado pela presença de repórteres.
"Presidente, pára para que eles se afastem", disse o ministro da Casa Civil, Clóvis Carvalho, referindo-se aos fotógrafos.
"Pelo contrário, se eu parar eles vêm para cima de mim", respondeu FHC.
Fernando Henrique disse que estava "assustado" com o tumulto e ameaçou não descer mais ao térreo do Palácio.
Publicidade
Itamar atribuiu ao Plano Real o gasto com publicidade oficial de US$ 210,3 milhões em 1994, quase três vezes maior que as despesas de 93 (US$ 70,9 milhões). "Evidentemente, em 94 havia o Plano Real", disse.
Ele disse ter determinado ao ex-secretário de Comunicação Institucional Augusto Marzagão que esclarecesse essa despesa. Marzagão foi responsável pela verba publicitária em seu governo.
Marzagão não foi encontrado pela Folha ontem no Rio. Ele foi procurado em sua casa, onde atendeu uma secretária eletrônica, e na casa do filho.

Colaborou a Sucursal do Rio

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